A prisão do general da reserva Walter Braga Netto, aliado próximo de Jair Bolsonaro (PL), reacendeu os debates sobre a possível detenção do ex-presidente. A Polícia Federal apontou Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que teria planejado mantê-lo no poder após sua derrota nas eleições de 2022.

Em 21 de novembro deste ano, Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciados por crimes como golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Para entender a opinião dos alagoanos sobre o tema, o Ibrape, em parceria com o portal CadaMinuto, realizou uma pesquisa inédita. Os resultados indicam que 52% dos entrevistados são contrários à prisão do ex-presidente, enquanto 32% são favoráveis e 16% não souberam ou preferiram não opinar.

Nas diferentes regiões do estado, a tendência majoritária é de oposição à prisão, exceto no Sertão, onde 48% são favoráveis, 41% contrários e 11% não souberam ou não opinaram. Já nas demais regiões, predominam os índices contrários à medida: Agreste (44%), Arapiraca (52%), Grande Maceió (51%), Maceió (54%), Mata (45%), Norte (58%) e Sul (52%).

Independentemente de fatores como sexo, faixa etária, grau de instrução e religião, a maioria dos entrevistados se posicionou contra a detenção de Bolsonaro. (Veja destalhes abaixo)

Sexo 

- Masculino - 52% (contra), 32% (a favor) e 16% não sabe ou não opinou;

- Feminino - 51% (contra), 32% (a favor) e 17% não sabe ou não opinou. 

Faixa etária

- 16-24 - 52% (contra), 35% (a favor) e 13% não sabe ou não opinou; 

- 25-34 - 57% (contra), 29% (a favor) e 14% não sabe ou não opinou; 

- 35-44 - 54% (contra), 28% (a favor) e 17% não sabe ou não opinou; 

- 45-59 - 49% (contra), 35% (a favor) e 17% não sabe ou não opinou;

- 60 ou + - 44% (contra), 37% (a favor) e 19% não sabe ou não opinou.

Grau de instrução 

- Analfabeto - 43% (contra), 33% (a favor) e 24% não sabe ou não opinou;

- Fundamental - 51% (contra), 31% (a favor) e 17% não sabe ou não opinou; 

- Médio - 53% (contra), 33% (a favor) e 15% não sabe ou não opinou; 

- Superior - 58% (contra), 28% (a favor) e 13% não sabe ou não opinou.

Religião 

- Católica - 49% (contra), 35% (a favor) e 16% não sabe ou não opinou; 

- Evangélica - 57% (contra), 26% (a favor) e 17% não sabe ou não opinou. 

O que explica a resistência dos alagoanos à prisão de Bolsonaro?

A oposição de grande parte dos alagoanos à prisão do ex-presidente vai além de um simples desacordo político, refletindo a identidade local e a forte conexão com figuras que se apresentam como defensoras das classes populares.

Em entrevista à reportagem, o cientista político Ranulfo Paranhos explicou os motivos por trás dessa postura.“Isso reflete o momento histórico atual, marcado pela polarização política, alimentada por narrativas extremas, que encontra em Jair Bolsonaro uma figura capaz de canalizar essa indignação, seja contra a justiça percebida como parcial ou pela nostalgia de um passado idealizado”, afirma.

 

Cientista político, Ranulfo Paranhos - Foto: Divulgação

 

Mesmo diante das denúncias contra o ex-presidente, o comportamento do eleitorado alagoano reafirma a influência de fatores históricos e culturais que moldaram a política do estado. 

“O apoio ao ex-presidente está ligado ao impacto do populismo e à identificação histórica com lideranças carismáticas, que moldam a percepção do eleitorado, mesmo diante de acusações graves”, defende.

A pesquisa 

O levantamento entrevistou 3 mil pessoas de 16 anos ou mais, entre os dias 5 e 10 de dezembro de 2024, nas regiões do Agreste, da Mata, do Sertão, Grande Maceió, Norte, Sul, Maceió e Arapiraca. 

O intervalo de confiança é de 95%, e a margem de erro é de 3,0 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados totais da amostra. 

*Estagiária sob supervisão da editoria