As redes sociais produziram uma nova dimensão na trajetória da humanidade. Pior do que ficou, não fica, escreveu um dos nossos representantes no parlamento brasileiro. Mas não é bem assim, como somos obrigados a reconhecer. Fazer de conta que o fenômeno nunca existiu, ou que tanto faz como tanto fez, não é nada inteligente. Não estou nessa de interação pelas redes, mas seria bestial subestimar a revolução em curso.

Não tratarei de nudes, fantasias ou adereços. No teatro da política, consolidou-se a ideia de que o território de ninguém da internet se impôs, indevassável a regras de convívio e sobrevivência. Debate político é carnificina – com “narrativas”, cancelamentos e “assassinatos de reputação”. Isso não é fonte de informação confiável. Tudo fake news.

Entre o desprezo de uns e o deslumbramento de outros, a nova ordem aperfeiçoa as qualidades e as mazelas típicas dessa maquinaria digital. As maiores aberrações aparecem a cada segundo, na velocidade de comandos para gravar uma voz ou registrar uma paisagem qualquer. Se é “denúncia”, pode apostar que se trata de armação.

Tudo isso porque vamos falar da ponte que desabou entre os estados do Maranhão e Tocantins. A tragédia poderia ter sido evitada – e isso não é uma suposição em bases aleatórias. Pessoas gravaram vídeos nos quais há indícios fortes do que estava por vir. Até um vereador fez a coisa certa, ao contrário de muitos de seus pares Brasil afora.

Para quem acha que o “tios” gastam tempo com presepadas a serviço de ideologias exóticas, vimos senhores no exercício da cidadania, com alertas pertinentes, e não com teorias da conspiração. Em campanha eleitoral, vigaristas já invadiram até unidades de saúde, atrás de lacração e votos. Não é o caso aqui, como devidamente demonstrado.

O problema é que detentores de mandato estão conectados, mas não olham para o que interessa. Estão engajados em dancinhas e rebolados, na companhia de celebridades contratadas para shows com cachês indecentes. Atenção adequada ao que está no vendaval das redes pode salvar vidas. É o que acabamos de ver de modo trágico.