Está declarada nova batalha da oposição contra o governo Lula. O gatilho para o novo embate é o decreto do Ministério da Justiça, com regras e medidas no campo da segurança pública. Em termos gerais, o grande objetivo é reduzir a taxa de mortes de inocentes durante ações policiais. O decreto disciplina o uso da força por parte dos agentes da lei. Um ponto em especial despertou a fúria da direita e do bolsonarismo.
É o seguinte. O policial não pode usar a arma de fogo contra alguém em fuga, se esse alguém estiver desarmado. Também fica proibido abrir fogo contra veículo que não pare numa blitz. Bem resumido, é o que prevê o decreto – que veio a público em pleno 24 de dezembro, também conhecido como véspera de Natal. Parece brincadeira, mas a reação inicial é de pancadaria pra cima de Lula e do governo. Uma crise pra fechar o ano.
As primeiras reações – e as mais virulentas – partiram de governadores. Era o esperado. Quando a situação aperta, com violência fora de controle, os gestores estaduais exigem que a União “faça a sua parte”. Isso significa que os estados querem dinheiro, mas são hostis a qualquer projeto do ministério, por exemplo. Alegam autonomia federativa.
Pegando carona na gritaria bolsonarista, Ronaldo Caiado e Claudio Castro esbravejaram contra o decreto de Lula na segurança. O governador de Goiás diz que os bandidos ganharam um presente de Natal, e acusa o governo de fazer chantagem ao atrelar a liberação de recursos à adesão ao decreto. O governador fluminense vai na mesma linha.
A esquerda tem dificuldade histórica em lidar com o tema da segurança. Ao contrário, a direita se esbalda com a agenda que atormenta os brasileiros. O diagnóstico é um dos mais repetidos sempre que recomeça o bate-boca sobre o tema. Não sei, mas isso é estranho. Decreto é mecanismo dado a produzir mais controvérsia do que soluções.