A revolta é generalizada entre prefeitos e lideranças paroquiais em Alagoas. A decisão do ministro Flávio Dino, do STF, de barrar o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas de comissão, afeta em cheio o estado. Desse total, nada menos que quase 500 milhões de reais seriam destinados a “projetos” espalhados por aqui. O problema é que a forma e os critérios para o repasse estão fora da lógica. Há suspeitas de manobra ilegal.
Os números citados são oficiais, como divulgado pela imprensa nacional. Um dado estarrece os analistas – e mesmo o mundo da política: o pequeno território alagoense é o maior beneficiado com essa fortuna que chegaria justamente agora, nos festejos de Natal e Ano-Novo. Como se chegou a essa partilha? É o que ninguém entende
Será que Alagoas foi privilegiada por que o presidente da Câmara é natural dessas bandas? É a desconfiança pairando no ar. Como se sabe, deputados e senadores direcionam emendas orçamentárias para seus redutos eleitorais. Até aí, alegam os reis do pragmatismo, tudo normal. Afinal, ninguém vai financiar as bases adversárias.
Dos quase 500 milhões de reais previstos para Alagoas, os maiores valores seriam para Palmeira dos Índios e Pilar. Logo Palmeira, que um dia teve Graciliano Ramos como o prefeito implacável no trato com a coisa pública. Não sei como andam as coisas por lá. Quanto a Pilar, é um dos municípios que mais ganha atenção e afeto de Arthur Lira.
O recesso parlamentar esvazia Brasília, e a repercussão do caso parece algo mais contido. Mais ou menos. De fato, com o Congresso em férias, não se vê aquele carnaval típico dos momentos de crise. Mas a calmaria é uma falsa impressão. Tá pegando fogo.
Flávio Dino conseguiu irritar todos os lados – governo e oposição, esquerda e direita, radicais e moderados. Para o Planalto, uma das consequências mais leves no horizonte é um tumulto na votação do Orçamento 2025. O estrago político pode ser bem amplo.