O Instituto Falpe, como tem mostrado o CadaMinuto, tem feito levantamentos sobre a disputa pelo governo do Estado de Alagoas e o Senado Federal em 2026. Evidentemente, os números apresentados apenas refletem um cenário de momento com possíveis candidatos, que podem ser confirmados ou não.

 

Em todo caso, dois nomes são sempre levados em consideração, pois já se apresentam como pretensos postulantes ao Senado Federal: o senador Renan Calheiros (MDB), que deve buscar a reeleição; e o deputado federal e presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), que possui de fato esta pretensão.

 

Os dois – Calheiros e Lira – surgem como os principais rivais desta disputa até o presente momento. Ambos possuem ainda um perfil de caciques políticos atrelados ao domínio dos grupos nos quais se encontram e ao fisiologismo histórico da política alagoana. Eles disputam prefeituras (nesse ponto com vantagem para o MDB, como mostrou o resultado eleitoral das eleições deste ano) e a presença na capital alagoana (onde, em tese, Lira pode levar vantagem diante das derrotas históricas de Renan Calheiros).

 

Em todo caso, Calheiros e Lira estão ali disputando o primeiro voto dentro de uma eleição de duas vagas para ao Senado Federal.

 

Assim como são os nomes mais conhecidos da disputa, Calheiros e Lira aglutinam dois fatores que podem fazer a diferença na eleição de 2026 caso sejam de fato candidatos: 1) com a rivalidade em ascendência, o eleitor que optar por um em um dos votos, dificilmente dará o segundo voto ao outro e 2) pelas características de seus fisiologismos podem acumular rejeição em parcela significativa do eleitorado.

 

Estes dois pontos abrem espaço para uma disputa pelo “segundo voto” que pode surpreender e abrir uma disputa real por uma das cadeiras do Senado Federal, caso outros rivais não sejam eliminados no tapetão.

 

É que a briga pelo Senado – diferente da briga pelo governo, que – por enquanto – só aparecem o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL) e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB) – tem outros nomes ensaiando candidaturas: o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil), o ex-deputado estadual Davi Davino Filho (Progressistas) e o deputado federal Paulão (PT).

 

Gaspar de Mendonça é um deputado federal que teve votação considerável para conquistar o cargo que atualmente ocupa. Soube se reinventar, após perder a disputa pela Prefeitura de Maceió quando estava no MDB, e ocupar o imaginário de uma fatia do eleitorado de centro e de direita. Davi Davino Filho disputou o Senado Federal recentemente e, mesmo tendo perdido para Renan Filho, alcançou uma boa votação, chegando a ser o mais votado em Maceió. Ele tem um bom “recall” das recentes eleições que disputou. Mesmo diante de derrotas, Davi Davino Filho saiu das brigas maior do que entrou.

 

Estes dois nomes são diferentes de Paulão. Não é possível observar no petista a capilaridade eleitoral que a disputa exige, o mesmo ainda vale para Eudócia Caldas (PL), que é a mãe do prefeito JHC, quando olhamos para as pesquisas feitas pelo Falpe.

 

Quem observou as pesquisas ainda viu que, mesmo diante de candidatos fortes, como o próprio Lira e Calheiros, ainda é alto o número de entrevistados que afirmam não saber responder ou não votar em nenhum, fatias percentuais que diminuem conforme vai chegando o momento do voto. Sendo assim, há muita migração para ocorrer. Quando somamos isso à existência de um segundo voto, eis que aqueles que não encabeçam a intenção passam a ver suas chances crescerem, como ocorreu na eleição em que o ex-senador Benedito de Lira chegou ao Senado como o mais votado.

 

É o mesmo contexto que ajudou o senador Rodrigo Cunha (Podemos), quando enfrentou uma eleição que ainda tinha como rival – além de Calheiros (também eleito) – Benedito de Lira e o ex-deputado federal Maurício Quintella (que na época estava no PL).

 

A eleição para o Senado Federal tem tudo, portanto, para ser muito mais emocionante que a eleição para o governo do Estado de Alagoas. Os desafios dos postulantes ao cargo, com exceção de Calheiros e Lira, é lidarem com os bastidores para viabilizarem, desta forma, suas candidaturas. Afinal, eles também pertencem a grupos.

 

Alfredo Gaspar de Mendonça conseguiu uma vitória importante, diante da maior autonomia que terá no União Brasil. Afinal, como se viu, nos últimos dias a sigla perdeu a ingerência que sofria por parte de Arthur Lira por conta da conjuntura nacional. Gaspar de Mendonça pode construir um partido para chamar de seu e, desta forma, partir para este voo solo.

 

Já Davi Davino Filho não depende apenas de si. Ele é dos quadros do Progressistas: partido de Arthur Lira. Logo, não basta apenas um possível desejo (não sei se ele de fato possui ou não, pois apenas vi seu nome sendo citado nos levantamentos do Falpe) da candidatura, pois depende do aval do grupo ou da mudança de legenda. Em todo caso, os números do Instituto mostram que tanto Gaspar de Mendonça quanto Davi Davino Filho são ameaças aos caciques que correm por fora...