A trama do golpe de Estado para impedir a posse de Lula e manter Jair Messias no cargo, mesmo derrotado nas urnas, precisava de financiamento. Uma das etapas da ação criminosa previa os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Para que essa missão dos patriotas fosse levada a cabo, o general Braga Netto resolveu a demanda financeira, repassando uma grana aos virtuais assassinos.

As informações constam do depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid, em novembro deste ano, quando o plano foi revelado. Braga Netto, preso na manhã deste sábado 14, entregou o dinheiro numa “sacola de vinho” aos tais kids pretos, segundo Cid. A trama para matar as autoridades foi batizada pelos criminosos de Operação Punhal Verde e Amarelo. Ainda segundo o militar, o dinheiro veio “do pessoal do agro”.

Eis aí um dado novíssimo sobre os fatos que estarrecem o país. A imprensa, especialmente a TV Globo, não avançou ainda sobre esse detalhe explosivo. E vejam que ironia: a informação vem a público na véspera da estreia de Viver Sertanejo, novo programa da Globo, criado para bajular a turma bilionária que venera botinas, chapelões e berrantes. O “agro pop”, como a Globo trata o setor, também é golpista.

Diante do que está sendo descoberto, a investigação tem obrigação de identificar os financiadores do esquema. Embora cause impacto, a informação não deve surpreender ninguém. Durante todo o mandato do capitão da tortura, potentados do agronegócio incentivaram aquelas manifestações de rua, as passeatas que pediam “intervenção militar com Bolsonaro presidente”. A turma sempre apoiou o Jair e sua quadrilha.

Atavicamente reacionários, esses coronéis do agro agem como sempre agiram. A harmonização milionária de focinhos e dentões não muda a essência de brucutus. A tradição de autoritarismo se mostrou plenamente na adesão do setor a todo tipo de bandalheira da extrema direita. Com a força do dinheiro, a turma tem a blindagem da grande imprensa, não apenas da Globo. Os jagunços do golpe são intocáveis.

Vamos esperar os próximos lances do caso. Na manhã deste domingo 15, “o pessoal do agro” tem encontro marcado com o berreiro de Daniel e seus convidados no fazendão da Globo. A emissora deve lamentar que a estreia do programa venha numa hora dessas, sob a constrangedora revelação de que seus patrocinadores estão no coração de um complô contra a democracia. Se aquele que planta vai colher, segura peão!