Presunção de inocência e ampla defesa. É o que tem de prevalecer para o general de quatro estrelas Walter Braga Neto e demais acusados de tentar um golpe de Estado. A trama pretendia “elevar” Bolsonaro ao posto de ditador patriótico. Segundo tudo o que foi descoberto pela Polícia Federal, parece evidente que a rataria estava determinada a uma virada de mesa, como diria o aloprado general Augusto Heleno. Deu muito ruim.

Porque ninguém pode ser considerado culpado sem o devido processo legal, assino embaixo o que vai no parágrafo anterior. Mas quem fez essa homenagem às regras do jogo na democracia foi o presidente Lula, principal alvo do plano golpista. O petista recebeu alta hospitalar na manhã deste domingo e fez um breve relato de como se sente após o período de internação. Ele acabou falando sobre a prisão de Braga Netto.

Lula não esticou o tema, mas deu um recado necessário sobre os fatos na ordem do dia. “Quero que o general tenha todo o direito de defesa que eu não tive”. Foi uma referência à atuação delinquente da Lava Jato, a operação que pariu escroques como Deltan Dallagnol e Sergio Moro. Está demonstrado, ser margem para dúvidas: Lula foi condenado sem provas num arrastão no qual a grande imprensa teve papel vergonhoso.

A Lava Jato se valeu de acordos de delação premiada. A investigação contra os golpistas que tramaram a morte de Lula também. A diferença é que, no primeiro caso, era a palavra do delator e mais nada. No caso de Braga Netto e a corja bolsonarista, há uma avalanche de indícios que certamente serão tomados como provas do crime.  

E é justamente por isso que a rataria está agoniada. O delator Mauro Cid não ofereceu apenas relatos verbais – entregou centenas de documentos, mensagens, gravações, prints e outros artefatos que escancaram a ação dos bandoleiros. A delação é ponto de largada, não o capítulo final de uma investigação. Moro e sua gang inverteram os fatores.

Voltando ao paciente Lula, ao deixar o hospital neste domingão, ele usava chapéu para, segundo disse, esconder o curativo que poderia ofuscar sua “beleza”. Bem-humorado, o presidente diz que volta ao batente com todo o fôlego para encarar os desafios do mandato. Sobre os golpistas, disse que, se culpados, devem pagar pelo que fizeram.

Enquanto isso, as especulações sobre seu futuro seguem em ritmo desenfreado nas páginas do colunismo da imprensa. Hoje aos 79 anos de idade, como Lula chegará em 2026? O clima político e o debate sobre candidaturas dependem do desempenho do presidente ao longo dos próximos meses. A saúde do homem está sob escrutínio geral.