Uma das notícias mais assustadoras nesta reta final de 2024 é a de que Arthur Lira pode virar ministro da Saúde. No primeiro ano do governo Lula, a turma do achaque partiu com tudo para tomar de assalto a pasta comandada por Nísia Trindade. Como vastamente noticiado na grande imprensa, Lira queria porque queria nomear para o ministério um de seus aliados (eu ia dizer um de seus cúmplices, mas achei deselegante). Lula resistiu.

Claro que o presidente tem de dialogar com as demais lideranças no jogo da política. Em nome da necessária governabilidade, o parlamentar alagoano, rei das vaquejadas e das emendas pix, tem de ser ouvido. A delicadeza nessa relação é decidir o tamanho da contrapartida para um circunstancial apoio aos projetos do Executivo. Nada do que Lira tenha feito ou prometido fazer pelo governo justificaria a degradação da Saúde. 

Vadiagem parlamentar. Sem projetos, o blocão bolsonarista se agarra a pautas inscritas no nebuloso rótulo de “costumes”. Do Congresso Nacional à Câmara dos Vereadores de Maceió, desocupados se dedicam a presepadas (chamadas de projetos de lei) que nada acrescentam à vida social brasileira. No geral, são ações que pretendem se meter na privacidade dos indivíduos. Aliás, é uma fixação à espera de doutorados.

Ratazanas em ação. O coronel do Exército Reginaldo Abreu é um desses casos em que o sujeito faz história de modo involuntário. Em troca de mensagens na trama golpista, ele aparece histérico, insuflando a “rataria” do Alto Comando para tocar o terror e detonar as instituições da República. Segundo ele, a tropa tinha de se livrar do “pessoal acima da linha da ética”, numa referência aos fardados contrários ao arrastão do golpe.

Naturalmente a rataria tem catitas, ratões, camundongos e outros roedores espalhados pelos becos da velha e da “nova” política. Sempre aos berros, muitas das lideranças federais, estaduais e municipais se calaram diante da descoberta do golpe e da tentativa de matar Lula, Alckmin e Xandão. Os rapazes da “direita moderada” alagoana não deram um pio. Sabe-se que muitos chiaram em particular. Lamentam o fracasso.

Não haverá punição para todo mundo. Impossível chegar em todas as vielas paroquiais onde se esconde a ratatuia patriota. Jamais saberemos a real contribuição alagoense para esse crime contra a democracia. Mas não há dúvida de que a terra de Marechal Deodoro, o pioneiro do golpismo, tem sua tropa saudosista da ditadura militar. Derrotado, o braço do bolsonarismo caeté delira nas “pautas ideológicas”.

Do desvio de emendas parlamentares à sabotagem do Estado Democrático, a ratoeira da Polícia Federal está engatilhada. Nesse campo, as boas noticias estão aparecendo.