São duas recepcionistas no espaço do credenciamento, e esta ativista vai em busca de um documento.
Ambas perguntam o meu nome.
Digo-lhes.
As duas trabalhadoras, uma preta e outra branca de cabelos lisos e claros, se voltam à tarefa de procurar o documento.
E vasculham d' aqui e d'acolá.
Não acham.
-Como assim? inquiro.
Fui excluída?
Solicitas e prestativas se desdobram na tarefa de uma nova caça ao documento.
E, aí a recepcionista preta, conversando com a colega faz uma sugestão importante:- A gente divide em dois lotes. Você procura nesse lote e eu naquele.
A recepcionista branca, faz ouvido de mercador, apossando-se de todos os documentos, diz, um tanto categórica:- -Me dê tudo isso pra cá. Eu mesma procuro.
A linguagem subliminar é: -'Deixa, que eu mesmo faço, você não tem competência, nem para procurar um simples documento.'
Esta ativista sentiu, na hora, o desconforto da trabalhadora preta , que fez o letramento da postura segregadora, da colega.
Quizilas atemporais.
E o documento, afinal, foi encontrado.
Eureka (????)
Entenderam, como a sutileza do racismo vai fazendo de conta que o apartheid socialmente, naturalizado, se transforma em um simples : 'É SÓ um mal entendido?
Pois, é!