Generais na cadeia. Quem diria! A prisão de Walter Braga Netto, na manhã deste sábado, prova que, sim, vivemos outros tempos. O Brasil mudou. Candidato a vice na chapa do desqualificado Jair Messias em 2022, o militar se junta agora a outros colegas de farda na prisão. A gang militar tentou impedir a posse de Lula, o presidente eleito pelo voto popular, numa trama que pretendia manter Bolsonaro no poder a todo custo.
A história do país, desde a Proclamação da República em 1889, é marcada por uma sucessão de golpes urdidos nos porões dos quartéis. Em todas as situações criminosas das quais participaram, os milicos golpistas saíram ilesos, impunes, livres para seguir o padrão deletério com que sempre atuaram. Parece que isso mudou agora.
O primeiro aliado da tropa bandida a se manifestar após a prisão de Braga Netto foi o senador Hamilton Mourão. Previsível. Vice de Bolsonaro no desgoverno do miliciano larápio de joias, Mourão é aquele tipo repugnante, de falinha mansa e patas sujas de sangue. Esperneia, inconformado com o Brasil que não se dobra ao arbítrio.
Segundo informações divulgadas pela imprensa nacional, a prisão preventiva do general estava prevista para a última quinta-feira, dia 12. Mas o meliante estava passeando, em férias, desfrutando as belezas do litoral alagoano. Parece que essa gente é muito bem-vinda pelas bandas de Milagres, na rota de ricaços adeptos do bolsonarismo.
A cadeia temporária para a turma que chegou a planejar a morte de Lula, Alckmin e Xandão é apenas uma etapa do que precisa ser feito. Sem atropelo nenhum, ao contrário do que escreve Mourão, essa gentalha tem de ser julgada e condenada pelos crimes que estão configurados. E, é claro, isso inclui Jair Bolsonaro, o chefe da quadrilha.
A prisão de hoje atesta também que as instituições não se intimidam com a cara feia dos adeptos de tortura e assassinato. Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Judiciário atuam dentro das normas, em obediência à Constituição. Cumpra-se a lei, seja para o Zé Mané ou para poderosos no topo das Forças Armadas. É a democracia.