Silvio Santos está morto, mas não para o SBT. A julgar pelas novidades na programação da TV criada pelo animador de auditório, o padrão SS está sendo “aprimorado”. Nas últimas semanas, quase todo dia tem alguma notícia um tanto assustadora sobre os rumos da emissora. As herdeiras tocam a gestão da empresa sob a inspiração do pai. As ideias sem sentido e as mudanças abruptas confirmam que a doideira vai longe.
O conjunto de estripulias é vasto, por isso vamos tratar dos casos mais inquietantes. No jornalismo muito particular do SBT, as estrelas são Cesar Filho e Marcão do Povo. Eles podem ser chamados de qualquer coisa, menos de jornalistas. O tal do Marcão acaba de ser despejado do “telejornal” Tá na Hora, do qual era o titular havia apenas nove meses. A mudança ocorre em pleno fim de ano, de modo atropelado, uma loucura completa.
Para o lugar do rapaz, que se despediu aos prantos numa cena clássica da patetice televisiva, entra o deletério José Luiz Datena. Sim, o sujeito foi chutado pela Band após sua participação ridícula na campanha para prefeito de São Paulo. Candidato, a grande proposta do apresentador do Brasil Urgente foi o uso de cadeiradas como argumento no debate de ideias. Após o vexame, a Band achou que já era demais.
Para o SBT, tudo bem. Datena, o veterano dublê de jornalista, chegou chegando, numa combinação perfeita com sua nova casa. A estreia foi no último dia 9. Foram dois os destaques do primeiro programa no ar? O cenário é uma cópia descarada do Brasil Urgente. É uma velha tática da comunicação e do marketing – apostar na confusão para enganar a indefesa audiência. Uma daquelas bizarrices das antigas. Um insulto.
O segundo destaque na estreia de Datena foi ainda mais espantoso: na vinheta de abertura, aparecia uma cadeira voando. Ou seja, uma rede nacional de TV fazendo apologia da violência com naturalidade perturbadora. Com a péssima repercussão, a cadeirada sumiu no dia seguinte. Mais uma vez, o SBT honrando suas tradições.
Na faixa do chamado entretenimento, a bagunça é a mesma. O matinal Chega Mais, que contava com a alagoana Michele Barros como uma das apresentadoras, também foi extinto. Assim como o Tá Na Hora, o programa agonizou por nove meses, até a morte anunciada desde a estreia. Procura-se qualquer coisa para o lugar.
Para completar o estado da arte na gloriosa televisão, Pablo Marçal, ele mesmo, pode virar apresentador de uma velha atração da casa – o Casos de Família. O homem já está com um piloto marcado para os próximos dias. Apelidada de “Barracos de Família”, a atração merece um coach picareta para “mediar” a bagaceira. Vida longa ao SBT!