Os homens têm 2,35 vezes mais probabilidade de tirar a própria vida em comparação às mulheres em todo o mundo, segundo um estudo de 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses números revelam a negligência com a qual a saúde mental masculina ainda é tratada. Questões como a pressão social para os homens suprimirem as emoções, a falta de abertura para buscar ajuda e o estigma em torno da vulnerabilidade criam barreiras.

No Brasil, o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde indicou que, em 2019, a taxa de morte por suicídio entre os indivíduos do sexo masculino foi de 10,7 por 100 mil habitantes. Já entre as mulheres, o número foi de 2,9. Segundo João Victor Pessanha, psicólogo e professor do curso de Psicologia da UNINASSAU Arapiraca, os homens, desde cedo, aprendem a associar força à resistência emocional e fragilidade à vulnerabilidade e fraqueza.

Para o docente, tabus e preconceitos impedem a busca por ajuda. “A saúde mental é tão importante quanto a física, influenciando como pensamos, sentimos e agimos. Desconstruir esses padrões é essencial para os homens viverem de forma mais plena e conectada. Cuidar da mente não é sinal de fraqueza, mas um ato de coragem e auto compromisso”.

A sociedade molda o comportamento masculino ao impor expectativas culturais, como "homem não chora", tornando a expressão de sentimentos inaceitável. “Muitos acabam internalizando sua dor, evitando procurar ajuda. Ignorar emoções, no entanto, pode causar estresse, ansiedade, depressão e até problemas físicos. É preciso reavaliar esses padrões e promover um ambiente onde eles possam se expressar sem medo de desvalorização ou punição social”, explica Pessanha.

De acordo com o psicólogo, gerenciar o estresse e a ansiedade envolve cuidar de si mesmo, seja por meio de exercícios, meditação ou pausas na rotina. Pequenas ações diárias, como respirar profundamente e organizar tarefas, reduzem a sobrecarga. “Exercício físico e boa alimentação são essenciais. E atividades coletivas oferecem uma rede de apoio. Quando necessário, buscar ajuda profissional, como a terapia, é crucial para lidar de forma saudável com as emoções”.

A rede de apoio oferece um espaço seguro onde as pessoas podem compartilhar desafios e se sentir compreendidas, ajudando a combater a solidão e fortalecer a mente. Amigos, família e colegas de trabalho são essenciais. “Assim como uma casa precisa de vários pilares para se sustentar, a vida também requer uma base sólida de apoio social. Quando um homem fala abertamente sobre suas emoções e pratica o autocuidado, ele inspira outros a fazerem o mesmo”, enfatizou o professor.

João Victor Pessanha encara o equilíbrio entre trabalho e lazer como essencial para uma vida saudável, pois o excesso de atividades laborais pode levar ao esgotamento. “Além disso, relacionamentos familiares saudáveis desempenham um papel crucial no bem-estar emocional. Promover a discussão sobre saúde mental masculina e incentivar os homens a buscarem ajuda pode construir uma sociedade mais acolhedora. Afinal, cuidar da mente é também cuidar da vida”, finaliza o professor de Psicologia da UNINASSAU Arapiraca.