Generais indiciados pela Polícia Federal e na iminência de se tornarem réus. No país em que golpistas de 64, assassinos e torturadores ficaram impunes, não é pouca coisa. Pelo contrário, estamos diante de um capítulo inédito na vida pública brasileira. Espera-se para o começo de 2025 a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra a gang fardada que tramou até a morte de autoridades.
Segundo as investigações da PF, Braga Netto, Augusto Heleno e outros delinquentes fardados cometeram os crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Ao todo, a PF indiciou 37 envolvidos na operação bandida, incluindo o chefe da quadrilha, o ex-presidente Bolsonaro. Não será por falta de provas que essa turma ficará sem a devida punição.
As estarrecedoras ações reveladas trituram de vez o delírio de uma anistia para Bolsonaro e seus cúmplices. Não que houvesse alguma chance real de o capitão da tortura se livrar da condição de inelegível. Mas, à luz do que se descobriu agora, o panorama para o golpista é de desalento. Sem alternativa, ele esperneia e segue com o discurso de que será candidato em 2026 – o que bagunça o covil da extrema direita.
Jair não poupa nem os filhos quando o assunto é a eleição presidencial de 2026. Eduardo, o Bananinha, achou de se apresentar como Plano B, substituindo o pai como candidato. Foi humilhado publicamente por Bolsonaro, que se vê como “planos A, B e C”. Com isso, ele interdita o debate sobre um nome da direita para encarar Lula daqui a dois anos. O impasse nesse pântano vai ser esticado até os limites do calendário e da lei.
Embora as duas coisas andem juntas, a política não pode determinar os rumos do processo contra os criminosos do golpismo. Que a extrema direita dispute eleições, é do jogo, claro. Mas, para isso, deve comparecer às urnas com candidatos de ficha limpa – e não com marginais, sejam civis ou militares. Como se sabe, a gang de Bolsonaro pretendia matar Lula, o vice Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Se as instituições resistiram ao arrastão dos criminosos – fardados e paisanos –, é preciso completar o serviço. PGR e Justiça não têm o direito de recuar. Pelo conjunto da obra, os acusados têm encontro marcado com a cadeia, não com as urnas.