Bolsonarista de ocasião, reacionário na essência. Assim é João Henrique Caldas, o prefeito de Maceió que agora se assanha para os lados de Lula. JHC estaria negociando sua filiação a um partido da base aliada do governo federal. A informação foi divulgada pela jornalista Malu Gaspar, no jornal O Globo. A jogada do influencer de Jaraguá surpreendeu a política alagoana e sacudiu os bastidores no jogo do poder.

Mas por que a surpresa? Até parece que estamos falando de um estadista, alguém que preza as boas práticas na vida pública. Não, galera! Estamos falando de um típico representante da clássica arte da politicagem. O filho de Ibateguara entrou no PL no intervalo entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2022. Saiu correndo do PSB e se juntou ao projeto de Bolsonaro. Para o bem do Brasil, Lula derrotou o miliciano. 

A passagem de JHC pelo Partido Socialista Brasileiro é um capítulo degradante – para ele e a legenda. Reeleito para comandar a capital alagoana, virtual candidato a governador em 2026, o prefeito opera nova armação. Segundo as informações de O Globo, logo reproduzidas em diversos veículos da imprensa nacional, Caldas pode voltar ao PSB ou entrar no PSD de Gilberto Kassab. Tanto faz. O que importa é alcançar os objetivos.

Pelo que foi noticiado, João Henrique corre atrás de duas metas: cargo e dinheiro. Ao aderir ao governo Lula, ele espera facilidades junto ao caixa da União. Como o repasse bilionário da Braskem está no fim, a prefeitura precisa de uma fonte alternativa. Pois é. Governar a cidade sendo financiado por uma empresa privada é moleza.

Quanto ao cargo, o prefeito tenta emplacar Marluce Caldas, sua tia, numa cadeira de ministra do Superior Tribunal de Justiça. Integrante do Ministério Público de Alagoas, a promotora está na lista tríplice enviada pelo STJ ao presidente Lula. Falta apenas a canetada do petista para confirmar a nomeação. Dizem que ela é favorita.

No submundo da extrema direita alagoense, a notícia causa revolta. Celerados, com e sem partido, “garantem” que é tudo boato, “especulação da imprensa”. Outros, no entanto, já disparam um arsenal de achincalhes ao até então aliado. Os termos mais leves para se referir a JHC são “oportunista” e “traidor”. Previsível.

No meio desse barulho todo, até agora JHC está entocado. Não confirma, mas também não nega o plano ajeitado nas sombras. Não resta dúvida, porém, que este é o primeiro movimento relevante nas articulações para 2026. Terá consequências tanto para o prefeito e sua turma quanto para os adversários. A ver os próximos lances.