A Vara Cível de Joaquim Gomes, em Alagoas, aceitou a ação de indenização por danos morais movida por Doté Elias, Babalorixá do Terreiro Hunkpámè Hundésò, localizado no município. 

O caso de racismo religioso, divulgado com exclusividade pelo CadaMinuto, ocorreu no início de agosto, durante a campanha eleitoral para a Prefeitura da cidade e está sendo acompanhado pelo Instituto do Negro de Alagoas (INEG/AL).

Na ocasião, o ex-secretário de cultura do município usou a imagem do Babalorixá e a da então candidata, e atual prefeita, Rita do Araçá (MDB), em um grupo de pastores no WhatsApp. Ele insinuou que Rita teria procurado Doté Elias para realizar feitiçaria contra seu então adversário político.

O advogado do INEG/AL, Ronaldo Cardoso, responsável pela defesa, afirma que é crucial seguir combatendo o racismo religioso e as injúrias raciais, a fim de prevenir a criação de uma sensação de impunidade.

“Por outro lado, é importante que a população negra saiba que existem mecanismos de proteção, como o INEG/AL, a Defensoria Pública, a Comissão de Igualdade Racial da OAB, entre outros”, acrescenta. 

Doté destaca que a aceitação da ação representa um marco importante para a comunidade de matriz africana em Alagoas, mas ressalta que a luta está apenas começando.

“Esse momento é importante, a luta só começou. A gente ainda sofre preconceito. A sociedade precisa entender que a nossa religião não é de disputa, mas uma religião de paz, buscamos a paz. Mas a gente percebe que, ainda no século 21, sofremos com o preconceito e o racismo religioso, que estão enraizados em uma sociedade que finge tolerar a nossa comunidade de matriz africana”, diz.