O fim de um mandato é como uma manhã cinzenta em que o café esfriou sobre a mesa. Para aqueles que um dia seguraram a caneta do poder, essa é a metáfora perfeita: o café que já foi quente, servido com deferências e sorrisos largos, agora amarga na xícara esquecida. É o momento em que o telefone, antes insistentemente ocupado com pedidos, convites e elogios, começa a silenciar. E, quando toca, muitas vezes é para reclamações ou cobranças.

Para os prefeitos que estão prestes a descer do palco, há uma realidade inescapável: o poder é efêmero. A tinta que um dia assinou decretos e abriu portas agora seca, e quem ocupou o trono precisa lidar com a indiferença ou, pior, com a ingratidão. Esse é o “café frio da vaidade” – um gosto que só quem experimenta pode descrever.

Mas o verdadeiro enredo se desenrola na relação entre o ex e o novo. Muitos saem do poder imaginando que seus sucessores, afilhados políticos, seguirão conselhos, manterão promessas e preservarão alianças. Um erro comum. Quando a cadeira do poder é ocupada, a visão muda. O novo comandante sente o gosto do poder fresco, e a influência do antecessor começa a perder força. Conselhos antes ouvidos com reverência passam a ser ignorados. O café da parceria esfria rapidamente.