A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco, nos três primeiros dias de atividades desta 14ª etapa, já lavrou 23 autos de infração, com indicativos de multas que podem chegar a mais de meio milhão de reais.

As fiscalizações da equipe Flora aconteceram em propriedades rurais nos municípios de Limoeiro de Anadia, Olho d'Água Grande e São Brás. Em todos os pontos de interesse inspecionados foram flagradas áreas desmatadas, o que configura ilícito penal previsto na Lei nº 9.605/98. Segundo a norma jurídica, “é crime cortar árvore ou destruir floresta protegida”. A norma foi criada com o objetivo de trazer punições administrativas e penais para condutas e atos que causem danos ao meio ambiente.                                                      

Somente entre os dias 18 e 19, a equipe Flora vistoriou, em Limoeiro de Anadia e Olho d'Água Grande, 15 pontos de interesse, tendo lavrado 15 autos de infração que totalizaram R$ 514 mil em indicativos de multas. Os 302 hectares foram embargados, o que proíbe o proprietário de fazer qualquer tipo de atividade na área.

Já nesse dia 20, em Olho d'Água Grande e São Brás, foram vistoriados oito pontos de interesse, e todos eles receberam autos de infração. A soma das multas que podem ser aplicadas é de R$ 147 mil reais para os 116 hectares vistoriados.

Segundo Daniel da Conceição, geógrafo e coordenador da equipe Flora, ao chegar em cada ponto de interesse, a equipe notifica os donos das áreas, aplicam o auto de infração com indicativo de multa e dão prazo de 20 dias para que essas pessoas apresentem suas defesas ao Instituto do Meio Ambiente.

“O procedimento normal é a notificação e o embargo, uma vez que o desmatamento já está constatado. Dessa forma, o proprietário só conseguirá utilizar novamente aqueles hectares após regularização da situação. E, em paralelo à aplicação das sanções, a gente orienta sobre a importância da preservação do bioma da Caatinga e esclarece tudo aquilo que é considerado crime ambiental”, explicou ele.

O coordenador informou ainda que a quantidade de hectares embargados equivale a 419 campos de futebol, cujo desmatamento suprimiu espécies como Angico, Juazeiro, Jurema, Umbuzeiro, Aroeira e Catingueira, todas pertencentes ao bioma da Caatinga.

Compõem a equipe agentes do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas e do Batalhão de Polícia Ambiental.

Desertificação

A Caatinga é o tipo de flora caracterizada por ter suas plantas altamente adaptadas ao clima seco, possuindo estruturas que evitam a perda de água. A estrutura das espécies varia de acordo com o volume de chuvas, o tipo de solo, a rede hidrográfica e a ação humana.

De acordo com a Equipe Flora da FPI São Francisco, por se tratar de um bioma em uma região climática Semiárida, a Caatinga já apresenta uma fragilidade maior, e o seu desmatamento intensifica processos de aridificação e desertificação.

Isso porque deixa o solo exposto e susceptível a processos erosivos, redução de nutrientes e, a depender do uso dado ao solo após o desmatamento, pode ocorrer o processo de salinização, tornando essas áreas improdutivas e difíceis de recuperar.

“Outro impacto negativo relacionado ao desmatamento e ao processo de desertificação é a redução de acúmulo de água no solo, que é um processo natural devido ao tipo de solo encontrado na Caatinga, que são solos jovens e, por isso, com pouca profundidade, essas características somadas a redução da vegetação reduz ainda mais o processo de infiltração, impactando no Ciclo Hidrológico”, explicou a coordenação da equipe.

*Com informações da Ascom FPI do São Francisco