A 8ª edição do Festival Carambola, aconteceu na última sexta-feira (15) na Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas (Adepol-AL), localizada no bairro da Cruz das Almas, em Maceió. Com uma line-up eclética, que destacou artistas locais e trouxe grandes nomes da música brasileira e latino-americana, o festival emocionou o público com performances memoráveis e homenagens culturais.
A estrela da noite, a cantora Liniker, levou o público ao êxtase com um show que mesclou novos singles e sucessos consagrados. Apresentando faixas de seu mais recente álbum, Caju, como “Tudo”, “Febre” e “Veludo Marrom”, a artista envolveu a plateia com uma energia contagiante.
O público, com letras na ponta da língua, não parou de cantar e dançar, especialmente com “Baby 95” e “Psiu”, do álbum Indigo Borboleta Anil. Em um momento especial, Liniker trouxe uma nova versão de “Caeu”, em parceria com Os Caramelows, com uma pegada disco e coreografias energéticas que marcaram a apresentação.
Coletivo AfroCaeté
O show do Coletivo AfroCaeté, formado em 2009, foi um espetáculo vibrante e cheio de influências da música alagoana, como maracatu, coco, baianá e batuques das casas de axé.
A performance começou com a música “Canto de Oya” e seguiu com momentos marcantes, como a recitação de um poema sobre a Boca da Mata, refletindo sobre a humildade e a força da música popular.
A apresentação ganhou ainda mais força com a participação de Chau do Pife, mestre do pife e Patrimônio Vivo de Alagoas.
Chau do Pife, com seu pife característico, cativou o público, ressaltando: “O que fala mais alto não é o tocar do pife, é o amor de vocês”. O encerramento foi grandioso, com reis e rainhas do coletivo desfilando com vestidos vibrantes enquanto as baianas rodavam ao som do “Batuque Guerreiro”.
Ana Frango Elétrico e a ousadia na música
A cantora carioca Ana Frango Elétrico trouxe sua ousadia ao palco, vestindo um figurino que remetia ao seu álbum Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua, combinando com sua banda. Abrindo com “Camelo Azul”, Ana entregou clássicos como “Insista em Mim” e “Dr. Sabe Tudo”.
O público ainda vibrou com “Mulher Homem Bicho”, provando que as músicas de Ana seguem marcando presença na cena alternativa.
Hermeto Pascoal
O vencedor do Grammy Latino 2024 de Melhor Álbum de Jazz, Hermeto Pascoal, provou mais uma vez que sua música é capaz de ultrapassar qualquer barreira geracional, emocional e física.
Aos 88 anos, Hermeto foi ovacionado pela plateia antes mesmo de pegar o instrumento. Seu grupo manteve a energia da apresentação acesa, garantindo que cada nota e improvisação ressoasse com a força e a energia que o definem.
O momento mais surpreendente foi quando o filho de Hermeto e multi-instrumentista, Fábio Pascoal, criou sons únicos com animais de borracha, lembrando a todos da abordagem experimental que Hermeto sempre trouxe para sua música.
FBC e os 20 anos de rap
Uma das apresentações mais aguardadas foi a do rapper FBC, que comemorou seus 20 anos de carreira com um show vibrante e cheio de energia.
Ele abriu com “Se Tá Solteira”, colocando o público para cantar, e seguiu com clássicos como “De Kenner” e faixas de seu mais recente álbum Feito à Mão.
A conexão com o público foi intensa, especialmente quando FBC relembrou sua trajetória: “Esse ano faz 20 anos que estou no rap, e para os meus fãs das antigas, vocês merecem essa”, declarou antes de apresentar “Frank & Tikão”.
Para o estudante de jornalismo Gabriel Azevedo, de 26 anos, o show foi inesquecível: “Era quem eu mais queria assistir, e ele superou todas as minhas expectativas.”
O show foi encerrado com uma performance emocionante de “Se Eu Não Te Cantar”, com FBC comandando o coro do público e entregando um espetáculo que reafirma seu lugar como um dos maiores nomes do rap nacional.
O Festival Carambola provou, mais uma vez que, ao unir talentos locais e nacionais, o evento se reafirma como um espaço de celebração cultural, valorizando a música, a arte e as tradições alagoanas.
Homenagem à Mestre Irinéia
O Festival Carambola também se destacou pela celebração da cultura alagoana. Este ano, a ceramista Mestre Irinéia, Patrimônio Vivo de Alagoas, foi homenageada. Sua obra, que simboliza a cultura afro-brasileira e retrata a vida no quilombo do Muquém, inspirou a identidade visual do evento.
Apesar de não poder comparecer devido a questões de saúde, a presença de Mestre Irinéia foi sentida de maneira forte e emocional, com sua filha e irmã subindo ao palco para expressar agradecimentos pela homenagem.
“A cada ano que minha mãe é reconhecida, ela se sente orgulhosa e muito representada. Eu só tenho a agradecer, muito obrigada!”, disse a filha emocionada.
*Estagiária sob supervisão da editoria
Fotos: Laura Gomes
Foto de capa: Assessoria Festival Carambola