As eleições de 2026 já se iniciaram. As peças que se movem no tabuleiro político, neste momento, buscam conjugar seus interesses pessoais com as possibilidades que se abrem dentro dos grupos aos quais estas mesmas peças fazem parte. Evidentemente que ainda há muita água para passar por baixo desta ponte (como se diz no jargão popular).
Todavia, ao observar o quadro geral – como disposto no atual momento – é de se refletir o seguinte: o fato do futuro processo eleitoral abrir duas vagas para o Senado Federal torna este “panteão de Brasília” algo a ser cobiçado. Logo, as mudanças no União Brasil podem abrir espaço para mais uma candidatura para estas vagas que já estão sendo cobiçadas por nomes de peso da política local.
Neste sentido, a eleição de 2026 pode ser a mais difícil a ser enfrentada pelo senador Renan Calheiros (MDB), que sempre teve a habilidade política de construir o melhor cenário para si já nos bastidores, como demonstram as eleições passadas.
Calheiros sabe das dificuldades que enfrenta entre os eleitores de Maceió – como mostram as recentes pesquisas – e tem a ciência de que precisa recuperar perdas eleitorais da capital no interior do Estado. Ao seu favor, Calheiros tem a hegemonia emedebista em Alagoas, que foi reconquistada com os resultados das eleições municipais deste ano.
Porém, pode enfrentar uma eleição com muito mais rivais. Este fator aumenta as dificuldades dele se manter como o segundo colocado (portanto, eleito) nessa disputa. Afinal, nas últimas eleições que disputou, Calheiros foi sempre o segundo. Foi assim quando se elegeram o emedebista e Benedito de Lira (Progressistas); foi assim quando se elegeram o atual senador Rodrigo Cunha e Calheiros.
O atual quadro aponta para os seguintes nomes na disputa: além do próprio Renan Calheiros, há o deputado federal Arthur Lira (Progressistas); a possibilidade de candidatura do secretário estadual de governo, Vitor Pereira (PSB) e a possibilidade da mãe do prefeito JHC (PL), Eudócia Caldas (PL) (ou do próprio JHC). Destes, o com menor capilaridade eleitoral – em tese – é Pereira.
É nesse cenário que o distanciamento do União Brasil do domínio político de Lira abre espaço para uma possível candidatura ao Senado Federal. O deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) – que vai comandar a legenda – deve ser candidato à reeleição, mas já há informações de bastidores de que a legenda pode abrir caminho para que o ex-deputado estadual Davi Davino Filho (Progressistas) tenha uma nova casa e volte a se candidatar ao Senado, como fez nas eleições estaduais passadas.
Davi Davino Filho perdeu aquela eleição, mas demonstrou ter capilaridade, pelo menos em Maceió, onde teve mais voto que o vitorioso senador Renan Filho (MDB), que ocupa a cadeira de ministro dos Transportes no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT).
Claro que este é o cenário de momento. Alguns nomes podem sequer se concretizarem enquanto candidatos, mas o território da especulação em si já mostra a trabalheira que Renan Calheiros vai ter para costurar – como costuma fazer – no “tapetão” o melhor caminho para si mesmo. Sabedor disso, Calheiros, que há pouco tempo era uma metralhadora giratória nas redes sociais, anda mais silencioso quanto aos seus paroquiais adversários políticos.
É que no futuro bem próximo Renan Calheiros pode precisar sedimentar alianças com nomes que antes eram os seus alvos.