Dos mais de 150 projetos de pesquisadores do Brasil submetidos na linha de pesquisa Tecnologias em Saúde Pública de Precisão, do edital 33/2024 do CNPq, apenas nove foram contemplados. A Ufal Arapiraca conquistou o 4º lugar e o aporte financeiro de mais de R$ 2,6 milhões por meio do projeto coordenado pelo professor Carlos Fraga, do curso de Medicina.

O objetivo do edital é incentivar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras para o Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em áreas como doenças crônicas não transmissíveis e doenças relacionadas ao envelhecimento. A proposta do grupo liderado pelo professor Carlos, que atua na área de bioinformática, é criar um painel genético para o prognóstico de câncer de pulmão, com a finalidade de melhorar o diagnóstico e o tratamento dessa doença que apresenta altas taxas de mortalidade no Brasil.

“Estou extremamente feliz e orgulhoso com a aprovação deste projeto. Essa conquista representa não apenas um avanço importante na nossa luta contra o câncer de pulmão, mas também um reconhecimento valioso para o nosso grupo aqui em Arapiraca. Sabemos o quanto é desafiador desenvolver pesquisa de ponta fora dos grandes centros, mas esse apoio valida o nosso esforço e reafirma que estamos no caminho certo. É um verdadeiro privilégio ver nosso trabalho, feito com tanta dedicação, ser valorizado dessa forma”, comentou o docente.

A equipe da Ufal Arapiraca conta com o apoio de pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

Investimento e aplicação

O financiamento de R$ 2.671.800,00 aprovado pelo CNPq vai ser distribuído em três principais categorias: custeio, bolsas e capital. O custeio cobre despesas como materiais de consumo e serviços especializados necessários para a realização da pesquisa, como exames laboratoriais e análises genômicas. De acordo com Fraga, as bolsas são destinadas aos pesquisadores, técnicos e estudantes que participarão do projeto, com dedicação exclusiva às atividades da pesquisa.

E o valor direcionado para as despesas de capital inclui a compra de equipamentos necessários para análises genéticas e moleculares, para garantir a pesquisa com precisão e eficiência. O docente da Ufal adiantou que o projeto vai ser conduzido em etapas e haverá um período dedicado à capacitação dos profissionais de saúde, com protocolos específicos e treinamento de oncologistas, patologistas e outros especialistas na interpretação e aplicação dos resultados do painel genético.

“Este projeto representa um grande avanço, pois o painel genético que estamos desenvolvendo permitirá uma abordagem mais personalizada e eficaz no tratamento do câncer de pulmão. Esse painel utiliza assinaturas genéticas que ajudam a estratificar os pacientes de acordo com o risco, indicando aqueles com maior propensão à progressão da doença ou à recidiva. Com essa ferramenta, poderemos guiar intervenções terapêuticas mais específicas para cada caso, o que potencializa as chances de sucesso do tratamento”, explicou o professor Carlos Fraga.

Segundo o docente, a etapa inicial do projeto é para validar clinicamente o painel genético em pacientes do SUS, por meio de estudos retrospectivos e prospectivos, para garantir a precisão e a confiabilidade do painel. Em seguida, a equipe vai fazer uma análise de custo-efetividade, para comprovar a viabilidade de sua implementação em larga escala no SUS. “Queremos mostrar que, além de eficiente para os pacientes, essa tecnologia pode ser economicamente viável para o sistema de saúde”, reforçou.

Profissionais experientes

A equipe de pesquisa inclui os professores Amanda Rodrigues, Caroline Marques, Jussara Baggio, Victor Menezes e Karol Fireman, que têm ampla experiência em projetos anteriores com foco nas áreas de genética, biologia molecular e saúde pública. Os profissionais apresentam um histórico de publicações em periódicos científicos de alto impacto com trabalhos de investigações sobre os mecanismos moleculares do câncer de pulmão e a identificação de novos biomarcadores para diagnóstico e prognóstico; além de técnicas avançadas para análise de amostras biológicas e estudo de expressão gênica; e avaliação do impacto de doenças crônicas na população para buscar soluções inovadoras de melhorias na saúde pública, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Comprometida com a ética em pesquisa, a equipe assegura que todos os estudos sejam conduzidos de acordo com diretrizes e normas nacionais e internacionais. Além disso, está ativamente envolvida em atividades de extensão universitária, promovendo a educação em saúde e compartilhando conhecimentos com a comunidade”, ressaltou Carlos Fraga.