O segundo dia do julgamento da família acusada de assassinar o auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de Alagoas, João de Assis Pinto Neto, começou na manhã desta sexta-feira (1º), no Fórum do Barro Duro, em Maceió.
O júri iniciou com a acusação, na qual a promotora de Justiça Adilza de Freitas, representante do Ministério Público do Estado de Alagoas, afirmou que Ronaldo Araújo, um dos cinco réus, desferiu as facadas na vítima, enquanto os demais participaram do crime, uma versão que vem sendo contestada pelos acusados.
Os réus sendo julgados são: Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo, João Marcos Gomes de Araújo, Vinícius Ricardo de Araújo da Silva, Maria Selma Gomes Meira e um adolescente não identificado.
Durante o julgamento, a promotora declarou que João de Assis sofreu torturas, com dedos cortados, pernas quebradas, asfixia e apedrejamento por parte dos réus.
“O Tribunal do Júri é um lugar de suor, luta e lágrimas. Suor da nossa beca em busca pela justiça, luta para que a verdade prevaleça e que possamos defender a dignidade da vítima. E lágrimas da esposa e dos filhos que sofrem a dor. Após toda a dor do luto, os criminosos e a defesa ainda tentam arranhar a conduta de um homem íntegro para justificar uma barbárie. Exporam sua imagem e fizeram a família sofrer novamente. Não costumo pegar o nada consta das vítimas, mas nesse caso fiz questão de apresentar para desfazer o que tentam atribuir a João de Assis”, explicou Adilza.
O assistente de acusação, Bruno Vasconcelos Barros, reforçou que todos os supostos envolvidos tiveram participação no crime e que Ronaldo foi responsável pelos golpes de faca contra a vítima. “Precisamos punir os executores e seus cúmplices, pois a participação de todos está mais do que provada; os quatro mataram, e alguns concorreram para o crime”, declarou Bruno.
Além disso, Bruno Barros destacou que os réus afirmaram ter usado uma pequena faca para ferir João, mas que as imagens do corpo mostram o contrário. “Os réus alegam que ele recebeu uma facada com uma faquinha que costumavam usar para lanches. A imagem da cabeça totalmente aberta, como vocês estão vendo, prova que essa versão é impossível.”
“Vocês têm a obrigação de separar o joio do trigo e de não deixar esse crime impune. E termino clamando hoje ao Conselho de Sentença, assim como clamou o senhor João de Assis: 'me ajude, meu Deus”, finalizou o assistente de acusação.
Ao ler, individualmente, as acusações que recaem sobre cada réu, a promotora Adilza citou os outdoors com imagens de João de Assis espalhados pela cidade e pediu que os réus sejam condenados.
“Ele nos encara em silêncio e pede que cada um que passe ali o ajude. Transformaram a vida de João de Assis, um ser humano brilhante, em cinzas. Aquela não é apenas uma imagem, mas sim o símbolo de um homem íntegro que passou 20 anos servindo ao estado de Alagoas, ao município e ao país”.
E completa: “Recentemente, comemoramos o Dia do Servidor, mas para João de Assis, o Dia do Servidor é hoje. Peço a vossas excelências que, na hora de votar, lembrem-se daquele símbolo do servidor e condenem os réus. Vocês representam a sociedade alagoana, os moradores de Maceió, desta grande comunidade à qual ele serviu.”
O júri, que acontece no Fórum do Barro Duro e é presidido pelo juiz Geraldo Amorim, começou na quinta-feira (31) e deve ser concluído hoje. O julgamento contou com o depoimento de 34 testemunhas.
João de Assis, que tinha 62 anos à época, foi brutalmente assassinado em 2022, tendo seu corpo queimado e abandonado em um canavial, na parte alta de Maceió.
MP pede condenação dos réus por homicídio triplamente qualificado
Segundo a promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), Adilza de Freitas, espera-se que os réus sejam julgados e condenados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, considerando as circunstâncias de motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
A promotora ressalta que o fato de a vítima ser uma pessoa idosa, com mais de 60 anos, e de haver várias pessoas interessadas em tirar sua vida pode aumentar a pena dos acusados. Ela ainda espera que os acusados sejam julgados por crimes conexos, que incluem fraude processual, corrupção de menor e ocultação de cadáver.
O assistente de acusação, Bruno Vasconcelos Barros, afirma que se espera a condenação dos acusados e destaca a necessidade de que a população compreenda a gravidade do caso.
“O João estava no exercício de suas funções como auditor quando foi assassinado. Ele foi esquartejado e queimado. Esperamos que a sociedade enxergue a gravidade deste caso da mesma forma que nós e que consigamos a condenação adequada para cada réu”, enfatizou.
*Estagiária sob supervisão da editoria