Em entrevista ao jornalista Edivaldo Júnior,  em seu blog na Gazetaweb, o governador Paulo Dantas (MDB) cravou: fica no comando do governo estadual até o final de sua gestão até o final de 2026. Ou seja: ele diz que não será candidato, portanto, nem a senador, nem a deputado federal.

 

Inicialmente, parabenizo o colega jornalista pela declaração conseguida. Afinal, é uma declaração que todo repórter de política gostaria de ter tido em razão de acompanhar as movimentações deste xadrez.

 

Dito isto, vamos aos pontos...

 

É válido frisar que, em regra, não devemos acreditar no que político diz, mas sim no que eles fazem quanto atuam objetivamente nas posições que ocupam. Desde o "tamponato", Paulo Dantas tem se mostrado um homem de grupo e bem disciplinado nos passos que dá. Logo, sua declaração é estudada e, muito provavelmente, não é surpresa a seus aliados.

 

Logo, o impacto da decisão de Dantas - seja solitária ou fruto de reflexões coletivas - é em seu próprio grupo político. Cai por terra, nesse momento, a teoria que circulava nos bastidores de uma nova eleição indireta para o governo estadual.

 

A partir daí, os caciques do MDB - o senador Renan Calheiros e seu rebento ministro dos Transportes, Renan Filho - montam o partido para a disputa de 2026 com pleno apoio de Dantas e da máquina pública. Devem contar também com o fisiologismo inerente aos principais nomes da Assembleia Legislativa, algo que por lá é uma segunda pele.

 

O MDB deve ser, mais uma vez, o partido a alcançar a maior bancada do parlamento em 2026, tendo como principal força rival, muito provavelmente, o PL do midiático prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL).

 

Se sábio for, JHC vai estruturar o partido para ter estaduais, além de eleger a primeira-dama, Marina Candia para deputada federal.

 

Agora, a decisão de Paulo Dantas impacta em futura decisão de JHC de permanecer prefeito ou disputar o governo ou o senado nas eleições vindouras? A resposta é: muito pouco.

 

Se JHC quiser o Senado, Dantas seria um rival a menos, já que permanece no cargo. Todavia, para JHC disputar o senado tem que se entender muito mais com um aliado que também mira esse trono: o deputado federal Arthur Lira (Progressistas).

 

E o governo? Bem, JHC tem que decidir diante da possibilidade de enfrentar Renan Filho. Os dois possuem força política e capilaridade eleitoral inegáveis. Desenha-se aí, para o futuro, um embate totalmente diferente do que o atual prefeito enfrentou agora, quando derrotou o figurante desde sempre e deputado federal Rafael Brito (MDB).

 

Não há eleição garantida em 2026 e JHC sabe o que pode perder em caso de derrota. Renan Filho, caso venha para a disputa e perca, segue sendo senador. Paulo Dantas pouco impacta nisto.

 

Paulo Dantas candidato a algo impactava muito mais em seus aliados, sobretudo se disputasse o Senado com a capilaridade que conquistou. Afinal, do outro lado de sua própria chapa está Renan Calheiros, o enxadrista.

 

A decisão de JHC pouco dependia da de Dantas. JHC só sentiria algum impacto se, diante da ausência de Dantas, Renan Calheiros se unisse a Arthur Lira para ambos serem candidatos ao Senado na mesma chapa. Pouco provável.