O julgamento dos acusados de matar o auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de Alagoas (Sefaz), João Assis Pinto Neto, vai continuar nesta sexta-feira (1º). O júri começou nesta quinta-feira (31) e 34 testemunhas serão ouvidas.

Além dos cinco réus, Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo, João Marcos Gomes de Araújo, a mãe deles, Maria Selma Gomes Meira, e Vinícius Ricardo de Araújo da Silva, serão ouvidas cinco testemunhas do Ministério Público, cinco do assistente de acusação e 19 da defesa.

Os cinco réus, que são todos da mesma família, são acusados de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menor.

Entre os réus foram ouvidos nesta quinta-feira (14), a última interrogada, antes do encerramento do júri, que retorna amanhã, foi Maria Selma Gomes Meira, mãe dos outros envolvidos no crime.

Selma confessou que chegou a limpar uma parte do local do crime, disse que não sabe quem matou João de Assis, mas que foi avisada por João Marcos, assim que chegou em casa, de que um crime havia acontecido no local

Segundo o Ministério Público, a ré entrou em contradição durante o interrogatório. No depoimento anterior, ela afirmou que Ronaldo, Ricardo e Vinicius estariam sujos de sangue. No depoimento de hoje, ela disse que Ronaldo estava com a barriga suja de sangue, Ricardo com o pé e que não lembrava de  Vinicius. A promotoria pediu para colocar o depoimento da ré em juízo, na tentativa de fazê-la lembrar do que havia falado e mostrar a contradição.

Após a exibição do vídeo do antigo depoimento, Selma manteve o que disse anteriormente, que os três realmente estavam sujos de sangue e que ela limpou o local com vassoura e pano. Ela também confessou que a sugestão pra retirarem o carro da Sefaz da porta do imóvel foi dela.

Mais cedo, a viúva de João de Assis, auditor fiscal da Receita Estadual, da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz-AL), Marta Magalhães Pinto, revelou detalhes sobre o dia o do crime e como suspeitou da morte do marido. 

Segundo ela, em depoimento durante júri popular, que ocorre nesta quarta-feira (31), achou estranho o fato do esposo não ter mantido contato, o que não era comum. O julgamento está sendo realizado no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió.

“Comecei a sentir um aperto no coração. Quando liguei, uma voz feminina atendeu e perguntou quem era. Eu disse que era a esposa do dono do telefone, e ela me contou que havia encontrado o aparelho no mato, vibrando, e que fui conferir.”, disse. 

Ainda segundo Marta, era por volta das 18h, e seu filho achava o local onde o celular foi encontrado perigoso. Ele pediu que ela não fosse até lá, pois mandaria um amigo buscar, mas ela recusou.

Ela pediu à mulher que encontrou o aparelho que o guardasse, já que continha fotos da família. Marta solicitou o endereço e, em seguida, foi buscá-lo.

O auditor foi encontrado morto no dia 26 de agosto de 2022, após realizar uma inspeção em um depósito de bebidas. O corpo de João foi achado carbonizado na região do Rio do Meio, próximo à Usina Cachoeira do Meirim, já o veículo da Sefaz, que ele dirigia, foi localizado em uma região de canavial, perto da rodovia AL-405.

Apaixonado pelo trabalho

A viúva relatou à promotora que o João de Assis era apaixonado pelo que fazia e amava seu trabalho. Afirmou ainda que os objetos pessoais dele desapareceram e que cheques foram utilizados. Ela mencionou que a família foi à Caixa, onde constataram que dois cheques haviam sido depositados, com o CPF anotado atrás. 

“Ele era um bom pai e sempre incentivou o filho a estudar. A morte trouxe problemas psicológicos, nosso filho passou por tratamento. O pai não teve a oportunidade de ver o filho se tornar oficial, de abraçá-lo, e o filho também não pôde fazer isso”, contou em depoimento. 

Estão sendo julgados os réus, Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo, João Marcos Gomes de Araújo, Vinícius Ricardo de Araújo da Silva, Maria Selma Gomes Meira e um menor de idade não identificado.

Marta que completaria 34 de casamento com João de Assis, ao falar com à imprensa, agradeceu o apoio e as manifestações dos servidores públicos da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz), órgão que a vítima trabalhava, e aos sindicatos.

O juiz Geraldo Amorim informou que, ao todo, 34 testemunhas serão ouvidas e que o julgamento não deve encerrar nesta quinta-feira (31).