“Fui ao médico depois de 10 anos sem fazer um exame ginecológico. Nem passava pela minha cabeça que poderia ser algo na mama”, relembra Maria Auxiliadora, moradora de Arapiraca, no Agreste alagoano. “O médico pediu uma mamografia, e foi aí que comecei a desconfiar. A técnica repetiu o exame várias vezes no mesmo dia, o que achei estranho. No laudo, já aparecia a menção a um nódulo suspeito.”

Aos 46 anos, Maria recebeu o diagnóstico de câncer de mama, e, a partir desse momento, sua vida mudou drasticamente. “Eu só pensava em estar viva para ver meus filhos crescerem. Comecei a agradecer pela rapidez das descobertas e segui fazendo tudo o que fosse necessário para me manter viva”, conta Maria, emocionada.

A história de Maria é apenas uma entre tantas outras que reforçam a importância da campanha Outubro Rosa. Criada para conscientizar sobre o câncer de mama e incentivar o diagnóstico precoce, a campanha tem sido fundamental na redução da mortalidade causada pela doença.

 

Acervo pessoal

 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o que mais acomete as mulheres brasileiras. Somente em 2023, foram registrados 73.610 novos casos no Brasil. No estado de Alagoas, foram contabilizados 690 casos.

Apesar dos avanços, a mortalidade por câncer de mama ainda preocupa. No Brasil, cerca de 19.103 mulheres perderam a vida no ano de 2022 em decorrência da doença, segundo dados do INCA. Esses dados reforçam a importância do diagnóstico precoce, que aumenta consideravelmente as chances de cura.
 

Diagnóstico, impactos e tratamentos 

O oncologista André Luiz Pereira Guimarães, que já tratou muitos casos como o de Maria Auxiliadora, ressalta que o câncer de mama não tem um único fator determinante, mas vários elementos podem contribuir para o seu desenvolvimento. 

“O sedentarismo, o tabagismo, a obesidade e a hereditariedade são os principais fatores de risco. Se a paciente tem mutação nos genes, as chances de desenvolver a doença podem ser até oito vezes maiores”, explica. 

Além disso, ele recomenda que algumas ações sejam feitas pelas pacientes para prevenir o surgimento do câncer, como:

- Exercícios físicos 

- Dieta saudável 

- Não fumar

- Não consumir bebidas alcoólicas 

Ele acrescenta que, em casos mais raros, a exposição à radiação ou traumas frequentes na região da mama também podem aumentar esse risco.

Em relação ao tratamento, André explica que depende muito do estágio em que a doença é descoberta. “A cirurgia deve ser feita nos estágios iniciais. Você continua tendo a quimioterapia para depois da operação, se o estado for um pouco mais avançado, se faz a cirurgia, a quimioterapia e depois pode fazer também a radioterapia. E atualmente você também tem as novas drogas para alguns subtipos de câncer de mama que são mais agressivos, como a imunoterapia”, afirma o oncologista. 

 

Dr. André Luiz Pereira Guimarães - Acervo pessoal

 

Para ele, o tratamento vai além da cirurgia e dos remédios. André entende que trabalhar com uma equipe multidisciplinar é essencial para o andamento do tratamento. “Um conjunto entre cirurgiões, mastologistas, oncologistas, patologistas, radiologistas e psicólogos é necessário para definir o tratamento”, diz.

Por fim, ele reforça a importância do diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo você detectar o câncer da mama, mais chance de cura se tem”. André ainda destaca a importância do autoexame e como prosseguir após detectar o nódulo. 

“Se você descobre o câncer de mama por meio de um autoexame, ou seja, identificando um nódulo pequeno, ou mesmo através de uma mamografia ou ultrassonografia de rotina, poderá procurar rapidamente um mastologista e, em seguida, um oncologista, iniciando o tratamento o quanto antes, o que aumenta significativamente as chances de cura.”, conclui.
 

Outubro Rosa em Maceió 

O Portal CadaMinuto conversou com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió, para conhecer os planos pensados para a campanha do Outubro Rosa na capital alagoana.

Segundo a pasta, o mês de outubro terá uma programação especial nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com um dia “D” em todas elas, programação na orla, no Centro e em outros espaços públicos. O órgão, diz também, que a prefeitura possui programas voltados para mulheres em vulnerabilidade social, que garantem o acesso delas aos exames e tratamentos necessários.

Em todas as Unidades Básicas de Saúde são realizadas consultas de rotina e solicitadas as mamografias. Além disso, ocorrem ações de educação em saúde desenvolvidas pelas equipes da Atenção Básica. 

A SMS conta que também intensificou as ações extramuros, por meio de parcerias com órgãos públicos e privados: “Estamos com uma programação especial nas UBS, com um dia D em todas elas, programação na Orla, no Centro e outros espaços públicos”

As ações específicas para a população de rua são realizadas pelo programa Consultório na Rua e pelo programa Saúde da Gente, que desenvolve ações em diversos bairros em situação de vulnerabilidade social. Temos também parcerias com o sistema prisional, onde fornecemos material e monitoramos as atividades, e nas ILPI’S (Instituição de Longa Permanência para Pessoas Idosas).

Em Maceió, a população atingida pela doença possuí alguns locais especializados no diagnóstico e tratamento do câncer. Segundo a SMS, é necessário apenas ir em alguma das UBS da cidade, que lá terá todas as orientações de como realizar os exames.

Na capital existem os Centros de Oncologia (CACONS) no Hospital Universitário (HU) e a Santa Casa de Misericórdia, que são instituições especializadas no diagnóstico e no tratamento do câncer.

Além do tratamento em si, essas instituições são responsáveis por realizarem o acompanhamento psicológico das pacientes, durante e pós o tratamento da doença.

Maceió conta tanto com serviços próprios, como no Pam Salgadinho (Poço) e na Unidade de Referência Hamilton Falcão (Benedito Bentes) quanto com prestadores de serviço. Não há fila para realização do exame, só é necessário ir à Unidade Básica que vai receber o encaminhamento e as orientações de como realizar.

O tratamento é realizado através dos Centros de Oncologia (CACONS) no Hospital Universitário (HU) e Santa Casa de Misericórdia, que são referências para todo o Estado. O acompanhamento psicológico e social os pacientes também é desenvolvido por estas Unidades. 

De acordo com os dados passados pela Secretaria Municipal de Saúde, a capital alagoana possui um comportamento estável no número de casos registrados do câncer de mama. Sendo o ano de 2022, o período com mais casos registrados na capital.

Os números de casos detectados e/ou em tratamento em Maceió

2020 - 273 casos

2021 - 259 casos

2022 - 283 casos

2023 - 277 casos

2024 - 99 casos (até o momento)


 

*Estagiários sob supervisão da editoria