A eleição no interior passou, mas o roteiro permanece o mesmo. Os ânimos acirrados e efervescentes que aqueceram as ruas durante a campanha agora dão lugar a uma nova fase: as demissões. “Cortes de gastos”, “queda de receita” e “ajuste nas finanças” são as explicações vazias de sempre, repetidas como um mantra para tentar mascarar o óbvio que todos já sabiam – menos, é claro, os que queriam acreditar nas promessas de estabilidade até o último dia de campanha.

Quem trabalha em prefeitura do interior conhece bem essa dança. Enquanto os palanques estão armados, as contratações temporárias sobem feito foguete, com direito a cargos fantasmas e funções decorativas para alimentar a máquina eleitoral. Mas quando a última urna é fechada e os votos são contados, a matemática muda de repente. 
 

A verdade é que a maioria sabia, mas preferia fazer vista grossa. As demissões pós-eleitorais são tão previsíveis quanto os fogos de artifício na comemoração da vitória. Só fica de fora dessa lista quem tem a “sorte” de ter um padrinho político forte, enquanto os outros pagam o preço de terem acreditado na estabilidade que durou o tempo de uma campanha.