Corrigir vícios que danificam cordas vocais, melhorar postura com aulas de dança e teatro. Esses são alguns elementos trabalhados pelo oficineiros e técnicos com os 20 convocados do projeto Fábrica de Artistas, experiência inédita em Alagoas.
O projeto está em sua fase final, com o último grupo de cinco músicos locais.
Além das oficinas de canto, os convocados também têm sido submetidos, ao longo da iniciativa, a outras oficinas que têm buscado aprimorar a técnica e conhecimento: entre elas, também estão a fonoaudiologia, marketing pessoal e gestão de carreira no pós-projeto.
“Trabalhamos com convocados de diversos níveis de experiência, artistas muito novos que, sequer, haviam gravado ou pego no microfone, mas também com outros já com alguma bagagem. São dois aspectos que trazem suas peculiaridades. Por exemplo, ter experiência tem seu lado positivo, mas pode também vir com o vícios, o cansaço na voz. Todas as oficinas procuraram ajudar a aprimorar e deixar aparecer o melhor que cada um tem em sua voz”, afirmou o coordenador-geral do Fábrica Artistas, o músico Lucas Mello.
Para ele, a experiência inédita dos 20 convocados do projeto tem sido transformador porque, mostra, o crescimento de cada um ao longo dos trabalhos com os oficineiros.
“Todos os trabalhos com os técnicos fizeram com que, ao fim do processo, os convocados vissem evolução no desenvolvimento ao longo desses cinco meses de estúdio. Tudo isso faz uma diferença enorme na hora de gravar a voz final. Eles gravam a guia da música, no início, e depois com as técnicas vocais, fonoaudiologia, fizeram grande diferença no produto música. Enfim, nossa certeza é de que todos os 20 convocados e participantes do Fábrica de Artistas saem do projeto bem mais preparados e capazes de fazer coisas do que eles imaginavam”, explicou Lucas Mello.
Produtor musical, Thiago Araújo tem longa vivência no mundo da música, com uma indicação ao Grammy Latino, em 2021, como um dos criadores do álbum da artista Sarah Farias, que ele acompanha até hoje.
Há 18 anos no mercado da música, inclusive com duas grandes gravadoras, MK Music e Sony Music, Araújo avalia a importância da iniciativa promovida pela equipe do Fábrica na vida dos 20 músicos convocados.
“Alagoas é rica em arte. Cada convocado que chegou aqui no projeto trouxe a sua verdade, suas histórias, seus sonhos e isso reflete muito para mim na parte criativa dos arranjos. Tem sido muito divertido trabalhar com tanta diversidade de gêneros musicais, e isso reforça o quanto foi e é importante lidar ativamente nos palcos com vários segmentos ao longo desses anos como diretor e tecladista de bandas e cantores. Creio que o Fábrica está impulsionando a carreira deles, dando a oportunidade de ter um material produzido em alta qualidade e trabalhar com músicos renomados de Alagoas. Nosso estado ganhou 20 vozes maravilhosas, e o mais legal, com músicas autorais”, declarou o produtor musical.
Geová Amorim é o profissional responsável pelas oficinas de fonoaudiologia do projeto. O profissional considera o Fábrica de Artistas uma iniciativa inovadora e com propósito grandioso de dar, vez e voz, a muitos outros profissionais da música que ainda não haviam tido essa oportunidade. Para contribuir no processo de profissionalização dos convocados, a fonoaudiologia trabalhou com três pilares fundamentais nessa construção.
“Esses pilares são a consciência vocal, como a voz é produzida, que está tudo bem entender as diferentes formas de cantar, a versatilidade; o segundo é o cuidado com a voz, o condicionamento vocal porque, diferente de um pianista, por exemplo, cujo instrumento está fora de quem o executa, a voz, o cantor é o próprio instrumento; o terceiro e último é o treinamento, é colocar na mente do artista que não custa reservar três a cinco minutos por dia para treinar a voz, fortalecer a musculatura (a chamada prega vocal) porque ser artista não é ser cantor. Costumo comparar isso com o jogador de futebol, que precisa treinar diariamente para chegar à excelência. O músico precisa fazer o mesmo”, concluiu Geová Amorim.