A cada dois anos, debatemos o alcance, os efeitos e, por fim, a necessidade da realização de debates eleitorais. As sujeiras de Pablo Marçal e a cadeirada de Luiz Datena podem ter sido o auge de uma degradação. Mas o dilema com esse programa existe desde os primórdios, lá na década de 80 do século passado. Alvo de críticas, e palco de presepadas de múltiplas origens e categorias, o velho debate resiste.
Na noite desta segunda-feira, 14 de outubro, tem o primeiro debate, no segundo turno, entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, na briga pela prefeitura de São Paulo. E, de repente, este será um confronto com ingrediente inesperado – e que pode influenciar, sim, o destino do voto. Um temporal deixou estragos na cidade que podem atingir em cheio a cabeleira do prefeito. A reação do candidato revela que acusou o golpe.
Nas últimas 48 horas, o vendaval na capital paulista entrou com tudo na campanha de Nunes e Marçal. Os dois só falam do assunto. O prefeito ocupa a ingrata posição de ser o prefeito da cidade. Não tem como terceirizar responsabilidade no caso da queda de árvores e bueiros entupidos, por exemplo. Por isso Boulos ataca o adversário sem parar, certo de que a ligação direta entre tragédia e gestor será automática para o eleitor.
O debate na Band começa às 22h45, muito tarde para quem pretender ver ao vivo, mas tem de acordar de madrugada para trabalhar. Mas esse é um papo dos tempos analógicos. Se algo fora da curva acontecer, chega em todo mundo na reprodução infinita por todas as telas. Pode-se ver a íntegra, ou trechos, a qualquer hora, em qualquer parque. A natureza tratou de injetar metros de tensão ao confronto de hoje.
Após o efeito Marçal, apareceu gente defendendo barrar dos debates candidatos de perfil semelhante. Mesmo que o político lidere em todas as pesquisas, estaria fora dos encontros. Solução fácil, autoritária e errada. Décadas após as ofensas, o dedo em riste e a gritaria entre Maluf, Brizola e Mario Covas, segue o país a debater como aperfeiçoar esse tipo de variável eleitoral, digamos assim. Em 2024, a cadeirada venceu.