Se é bolsonarista, de extrema direita, não tem como ser diferente: o senador Rodrigo Cunha engrossa a bandalha que tenta atropelar as prerrogativas do Supremo Tribunal Federal. Em outras palavras, prega golpismo contra o STF, seguindo à risca as ordens de Bolsonaro para sua gang. Vice-prefeito eleito de Maceió, esse rapaz segue a trilha do obscurantismo há muito tempo. Nas eleições de 2018 e 2022, isso ficou evidente.

Em matéria publicada aqui no CM, o futuro vice de JHC só falta soltar foguetes para festejar o que se passou na Câmara dos Deputados. Como se sabe, na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça da Casa avançou com projetos que ameaçam o equilíbrio entre os três poderes. Entre as propostas aprovadas na CCJ está a que dá ao Congresso o poder de anular decisões do Supremo. É ridículo. E perigoso.

Toda essa presepada tem no comando a ralé da ultradireita no parlamento. Caso a ideia viesse a ser aprovada em definitivo, por meio de uma emenda à Constituição, teríamos a Câmara e o Senado funcionando como poder revisor do STF, o Supremo do Supremo. Não vai passar, mas o atrevimento dessa gentalha mostra que a força bruta segue como ameaça ao estado democrático. Cunha acha que o STF atua com “superpoderes”.

Durante quatro anos no governo do delinquente, o país viveu sob ataque do mais rasteiro autoritarismo. Bolsonaro achincalhou as instituições desde o primeiro dia do mandato. Em praça pública, se dirigia a um dos poderes da República com palavrões, agressões, mentiras e ameaças. Em cada uma dessas ocasiões, o irrelevante senador se manteve calado, numa indigente omissão diante de todas as barbaridades. Um vexame.

A Justiça em geral e o STF em particular podem ser criticados. Excessos precisam ser contidos. O Supremo está longe da perfeição. Mas suas virtudes superam as mazelas, como se viu no desmantelo provocado pela tropa bolsonarista. A atuação na pandemia e a defesa da Constituição atestam que, na hora H para a democracia, o tribunal agiu de modo impecável. Daí o ódio que despertou em gente como Rodrigo Cunha.

É uma pena. Um cara que sempre se vendeu como um jovem de mente arejada, com visão de mundo avançada, não passa de um agitador no arrastão contra a suprema corte do país. Batendo continência para Bolsonaro e assemelhados, Cunha assina de vez sua filiação a essa vala comum de golpistas. Mas que fique claro: surpresa zero.