As eleições em Alagoas destacaram duas grandes lideranças: JHC, em Maceió, e Luciano Barbosa, em Arapiraca. Com vitórias expressivas, ambos obtiveram mais de 80% dos votos nos maiores colégios eleitorais do estado, consolidando-se como figuras centrais na política alagoana. Em contraste, Renan Calheiros e Arthur Lira, que ficaram à margem das campanhas na capital, emergem como atores secundários, lutando para manter relevância política com os olhos voltados para 2026. Dependendo da estrutura política e econômica do interior do estado, ambos enfrentam desafios para suprimir adversários e manter seu domínio.

O governador Paulo Dantas sofreu derrotas significativas: não conseguiu eleger nenhum vereador em Maceió, falhou na reeleição de Joãozinho e viu Gustavo Pessoa, apesar do forte apoio financeiro e do governo estadual, ser derrotado. Renan Filho, embora ocupe um ministério de destaque no governo federal, teve uma atuação limitada na campanha de Rafael Brito e liderou vitórias pontuais em algumas cidades. No entanto, sua participação não transmite a sensação de renovação. Seu grupo político parece enfraquecido, apoiando-se em partidos sem líderes com autonomia, o que evidencia um cenário de estagnação.

Essa fragilidade reflete-se também no Partido dos Trabalhadores (PT), que foi impedido de lançar uma candidatura própria por decisão dos Calheiros, demonstrando a subordinação imposta aos aliados. Com a aproximação de 2026, JHC emerge como uma figura central, capaz de alterar significativamente o cenário político, ameaçando a indicação do grupo para sucessão de Paulo Dantas e, possivelmente, até levando Renan Calheiros a uma derrota histórica na disputa pelo Senado.

Marcelo Victor, por sua vez, mantém-se como uma peça chave nesse tabuleiro. Sua adaptação aos novos ventos políticos parece tranquila, embora suas ambições a curto prazo sejam modestas: manter a presidência da Assembleia Legislativa e continuar fortalecendo aliados sob sua liderança. No entanto, com a possível renúncia de Paulo Dantas e Ronaldo Lessa, Marcelo pode assumir um papel de destaque na escolha de um governador interino. Mesmo assim, seu controle sobre o poder futuro é incerto, especialmente diante da ascensão de JHC e de seu grupo político.

Este cenário desenha uma Alagoas em transformação, com novas lideranças surgindo e grupos tradicionais lutando para manter suas posições.