Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho, frequentemente buscou explorar em suas obras as complexidades da sociedade e da condição humana. Sempre criticando a hipocrisia da sociedade e a desconfiança que marca a relação entre eleitores e candidatos.
O eleitorado, muitas vezes iludido por discursos encantadores ou por “realidades” construídas nas redes sociais, pode acabar se deparando com um situação amarga onde a vida real é muito dura e mais dificil. Onde as escolhas dos governantes não priorizam o cumprimento de suas promessas de campanha e o que as pessoas mais precisam de um governo. Ilustra-se assim a fragilidade da democracia quanto aos valores e a capacidade de gestão são colocados em dúvida.
Portanto, teríamos nesta semana uma crítica machadiana às eleições que iria enfatizar a necessidade de um eleitorado consciente, que busque além da superfície das redes sociais e da plástica maketeira. Assim como os personagens de Machado lidam com suas incertezas existenciais, os cidadãos devem estar conscientes de que a política é moldada não apenas por ideias, mas por pessoas que sejam capazes de gerir e realizar ações que melhorem a vida da população.
Temas como Plano Diretor inclusivo e sustentável, mobilidade urbana, limpeza, educação e saúde pública, recuperação de espaços públicos degradados, centralidade, segurança e implantação de soluções inteligentes deveriam ser debatidos. Entretanto, nada disso tem sido debatido pela sociedade que parece enfeitiçada por dancinhas, corridinhas e entreterimento.
O convite que Machado nos faria para o próximo domingo, dia das eleições municipais, seria um apelo à reflexão crítica, à busca por autenticidade de propósitos a melhora da vida na cidade que moramos e à vigilância nas práticas democráticas.
George Santoro