De uma ativista da igualdade racial para o gestor público executivo da capital Maceió.

Ô, João Henrique  deixa te contar um segredo. Dia  30 de setembro de 2024, às 19h, esta ativista, Arísia Barros, coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas participou, online dos "Diálogos Participativos: A Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial e Novos Caminhos para o Sinapir",  a convite da  Diretoria de Articulação Interfederativa do Ministério da Igualdade Racial.

De início fiquei ressabiada, pois, não sou muito chegada a reuniões online, sinto-me  mais à vontade nas conversas tipo olho no olho.

Entretanto, todavia, contudo,  o momento foi importante para colocar à mesa  nosso posicionamento  assertivo e enfático, enquanto ativista, ressaltando  os desencontros da política nacional  antirracista, com as invisíveis periferias  pretas  dos municípios alagoanos e com os quilombos assolados pela secular indiferença institucional.

Instamos sobre a polarização da política partidária que invisibiliza, exotifica e segmenta a discussão sobre a institucionalização das políticas públicas de promoção para igualdade racial.

Ah! João Henrique, às vezes dá um enfado danado,  nesta ativista, saber que,  tantas coisas podem ser feitas e os governos ao invés do enfrentamento  real, criam ilusórios  quartinhos dos fundos, ou quarto de empregada, sem ar e sem orçamentos.

A política dos ‘bocadinhos’.

Nem te contei, ainda,  que durante a reunião  online, o Ministério da Igualdade Racial apresentou um planejamento,  e um dos itens propõe a criação de Comitês Intersetoriais de Igualdade Racial, nos municípios e esta ativista, ficou toda serelepe, ao dizer que, Maceió, através do Programa Maceió é Massa Sem Racismo, idealizado pelo Instituto Raízes de Áfricas, foi ,e, é o primeiro município no Brasil todinho a lançar e efetivar a proposta, em 2023.

Assertividade!

Está mais do que na hora, da capital Maceió,  criar um órgão, com uma importante capacidade de trabalho e gerenciamento das políticas antirracistas, tipo uma  Secretaria Municipal de Promoção das Políticas para Igualdade Racial.

A  caneta está em tuas mãos, só falta vontade política, entende, João?!.

A mesma vontade que te fez criar o Gabinete de Gestão Integrada de Politicas Públicas Para a Causa Animal (CGI-CA).

As vidas da população negra, não são, assim consideradas prescindíveis, João?

São, ou,  Não?

Caso possas, depois das eleições  é  importante afrouxar um pouquinho a gravata da resistência, e/ou, o pensamento sistêmico de que a pauta do racismo  é irrelevante  para  o desenvolvimento da capital e estabelecer pontes de diálogos sociais.

O  gestor executivo de um município, com  957.916 habitantes e  percentual de 69% de população negra precisa, de-ci-di-da-men-te, pensar em uma Programa para o diálogo com as possibilidades de  uma Cidade Antirracista, João Henrique.

Esta ativista tem simpatia por tu, um sujeito com ideias fantásticas, entretanto, é impossível ignorar que Maceió faz um não-te-ligo-ostensivo-e- ácido para as políticas antirracistas, e se isso acontece de-ci-di-da-men-te, não é uma Cidade para Todos.

Tem exceções e  abissais exclusões.

E isso tem nome  é Racismo Estrutural.

Não se arrelie, nem se avexe, João Henrique, além de ativista , sou servidora pública,  duplamente concursada, e com uma causa social, como bandeira inegociável, daí, mesmo tendo uma simpatia-simpática, reafirmo que é urgente a reversão das  desigualdades sociais, que atingem, potencialmente, a população negra.

É um tanto de coisas articuladas com a política racial para se discutir, como prerrogativas e prioridades.

Você só precisa arrumar um tempinho em sua agenda, João, e a gente conversa.

Depois do dia 06 de outubro, teremos mais 365 dias de  muito, muito, muito trabalho, pela frente, um deles é articular a criação da Secretaria Municipal de Promoção das Políticas para Igualdade Racial.

Sabe  o que achei  bem legal , na reunião online? 

É  que depois de argumentar a exaustão, uma representante do MIR e companheira ativista de longas datas, fez essa fala: 

‘Quando uma ativista nacional, como Arísia Barros fala, a gente precisa  prestar atenção’.

Boa sorte, João Henrique!