Alunos de uma escola de Maceió desenvolveram uma caneta adaptada para pessoas portadoras de Parkinson. Os adolescentes, estudantes da Escola Sesi, no Benedito Bentes, desenvolveram um mecanismo que utiliza vibrações controladas que estabilizam os tremores característicos da doença, dando maior controle na escrita.

Guilherme Pietro Costa Alves Santos, Vinícius Alves de Sá e Vinícius Roberto Camilo dos Santos são alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Sesi. O projeto, realizado em sala de aula, teve orientação do professor Alef Jordi.

"O professor pediu para a gente fazer qualquer tipo de produto que seja inclusivo e sustentável. A gente lembrou do avô de um colega nosso que tinha Parkinson e da dificuldade que ele tinha de escrever e assinar documentos", disse Vinícius Roberto, em entrevista à TV Gazeta.

Inicialmente, os estudantes utilizaram papelão na construção da caneta, posteriormente, eles criaram um segundo protótipo da Inclupen, como foi batizada. A pesquisa incluiu revisão bibliográfica, desenvolvimento de protótipos e testes com pessoas portadoras da doença.

Atualmente, o protótipo da caneta é feito de plástico, dentro dela há dois vibradores de aparelho de celular, nas laterais tem ímãs, para uma melhor fixação na mão, se usada com a luva, que também foi desenvolvida pelos estudantes. 

Um dos discentes envolvidos no projeto, Vinícius Alves diz que o objetivo é dar autonomia e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Segundo o aluno, o Parkinson é uma doença que traz diversas dificuldades para seus portadores, e a ideia é dar dignidade e possibilitar que as pessoas possam se expressar através da escrita.

Parkinson é uma doença neurológica que afeta os movimentos da pessoa. Ocorre por causa da degeneração das células que produzem a dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos, provocando sintomas como tremores, rigidez muscular, desequilíbrio.

Parkinson não tem cura, mas os tratamentos disponíveis garantem o mínimo de qualidade de vida para os pacientes. A doença atinge 1 a 2% da população mundial acima dos 65 anos e aumenta com a idade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas tenham Parkinson.

O projeto rendeu aos estudantes o 1º lugar na categoria de Iniciação Científica da 9ª edição da Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic), realizada entre os dias 16 e 20 de setembro, em Pomerode, Santa Catarina.

O professor Alef, que orientou o projeto desde a idealização, diz que é inspirador como o projeto mostra o crescimento do interesse científico dos alunos. O professor fala que a premiação na Febic valida e mostra como a ciência pode contribuir para a vida das pessoas.

A criação do protótipo também teve a participação da neurologista Cícera Pontes, que acompanhou o desenvolvimento do projeto. Ela diz que a caneta pode ser uma grande aliada na rotina de quem sofre com tremores, mas ressalta que o projeto precisa de aperfeiçoamento e testes para comprovar a melhora na vida das pessoas.