A recente pesquisa realizada pela Quaest/TV Gazeta, sobre a disputa eleitoral em Maceió, trouxe um dado interessante. O levantamento indagou, aos entrevistados, com qual posicionamento político estes mais se identificam. Ou seja: se eram de direita, de esquerda ou tinham uma posição mais ao centro.

De acordo com os dados divulgados pela pesquisa, em Maceió, 43% dos eleitores se declaram como de direita; 13% se dizem de esquerda e 27% assumem uma postura de centro. Os demais são os que não souberam responder.

Diante de tais números, os candidatos a vereador, que disputam uma cadeira na Câmara de Maceió, podem se sentir animados. Afinal, há – neste processo eleitoral – muitos que assumem tal posição, como é o caso – para citar quem já tem mandato – do vereador Leonardo Dias (PL), Eduardo Canuto (PL), dentre outros. Isso sem contar com os nomes que estão buscando a vaga pela primeira vez, como Kayo Fragoso (Republicanos), Flávio Moreno (Progressistas) e Caio Bebeto (PL).

Obviamente, aqueles que já possuem uma história mais visível de envolvimento com a direita, podem levar uma vantagem nesta fatia do eleitorado, como ocorre com Dias, que vem das lideranças dos movimentos de rua. É o chamado voto de opinião. E se a pesquisa estiver correta, 43% da fatia do eleitorado não é de se desprezar.

Para a esquerda, 13% é também uma fatia considerável, onde poderiam navegar nomes do PT, como o da vereadora Teca Nelma (PT) e Doutor Valmir (PT), ou até mesmo de outros edis que possuem o discurso mais progressista, como é o caso de Olívia Tenório (Progressistas), ou até mesmo daqueles que não possuem mandato, mas estão na briga, como é o caso de Charles Hebert (PCdoB), Gustavo Pessoa (PSB) e outros do próprio PT.

Porém, a eleição de vereador tem características próprias, pois é um pleito onde o candidato está muito próximo de seu eleitorado e entram outros fatores, como atenção às pautas de categorias (sindicatos, entidades, grupos organizados, enfim…). Um destes fatores que não pode ficar de fora é a chamada compra de voto, que ocorre e é – infelizmente – pouco fiscalizada, em que pese as campanhas custarem milhões (recursos que extrapolam o limite do teto de gastos e obviamente não são contabilizados).

Então, mesmo o espectro ideológico/político tendo a sua importância para eleger um ou outro nome, estes ainda serão minoria dentro da futura composição da Casa de Mário Guimarães. Os verdadeiramente de direita serão poucos, podendo até mesmo ser uma ou duas cadeiras das 27 em disputa. O mesmo ocorre com aqueles que são verdadeiramente de esquerda. O fisiologismo imperará, mais uma vez, dentro da futura Câmara Municipal de Maceió porque os “métodos heterodoxos” de conseguir voto imperam na capital, que vão da troca de favores, do peso dos institutos até a compra de votos.

Não por acaso, quando o assunto é disputa majoritária, vemos algumas anomalias apontadas pela própria pesquisa. Por exemplo, no que diz respeito ao eleitorado que declara voto em JHC. É evidente que JHC, mesmo estando no PL, não é um bolsonarista ou direitista de carteirinha, tendo opiniões, posições e atos que o levariam mais ao centro do espectro político. Mas, ainda assim a fatia dos que se dizem de esquerda e votam no prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), corresponde a 64% dos que assim se definem.

Apenas 22% dos que se dizem de esquerda votarão em Rafael Brito, que é o candidato que tem o apoio dos principais partidos que se afirmam no campo progressista, como o PSB e o PT, por exemplo. Brito ainda tem 7% dos votos dos que se dizem de direita.

Se o espectro político se traduzisse, de forma imediata, em voto para aqueles que professam a crença deste espectro, os candidatos de direita em Maceió teriam (se a pesquisa estiver certa) motivos para fazer a festa, mas não é assim que funciona a realidade.