O relatório produzido pela Polícia Federal (PF), sobre o caso do empresário e ativista político Kleber Malaquias, mostra uma troca de mensagens entre o delegado da Polícia Civil de Alagoas, Daniel Mayer, preso nesta quarta-feira (18) e um policial civil, o qual é um dos suspeito e estava sendo investigado pelo crime. 

Segundo o Ministério Público, o conteúdo das conversas comprovam que o delegado tentou interferir nas investigações. A TV Gazeta, filiada a Rede Globo em Alagoas, teve acesso aos “prints” das mensagens, que mostram o delegado e o policial comentando o caso de Kleber.

Nas primeiras imagens, fica claro a relação de proximidade entre os dois. O delegado chama o policial de “meu amigo” e mostra a foto de um pernil já assado que teria ganho dele. Veja abaixo:

 

 

Em outra mensagem, o policial civil convida o delegado para almoçar, e ele aceita.

 

 

Em outra captura de tela, o delegado envia fotos com um depoimento ligado ao caso para o policial, que já era investigado no mesmo inquérito. O policial civil responde se colocando à disposição do delegado para conseguir pernil de carneiro.

 

 

Na conclusão do relatório, a PF ressalta que ele ao invés de comunicar os depoimentos aos outros órgãos competentes, comunicou, na verdade, para um dos suspeitos do crime.

A PF reforça no relatório que era impossível Mayer não saber que o policial civil era investigado no caso em que ele mesmo era o responsável.

Prisão preventiva mantida pela Justiça 

A juíza Eliana Augusta Acioly Machado de Oliveira, da 3ª Vara Criminal de Rio Largo, determinou a manutenção da prisão de Mayer, suspeito de interferir no inquérito que investigava o assassinato do ativista político Kleber Malaquias.

A magistrada alega que a soltura pode acarretar novas manipulações de dados e procedimentos criminais, já que, segundo a juíza, há indícios dessa prática em inquéritos em andamento e encerrados pelo delegado e divulgação de peças sigilosas para um denunciado de outro processo.

O sigilo telefônico e bancário também foi quebrado. A prisão e a busca e apreensão devem ser realizadas pela Superintendência da Polícia Federal em Alagoas.

Julgamento adiado 

O Ministério Público informou que o juiz José Braga Neto, da 8ª Vara Criminal de Maceió, acatou o requerimento da Promotoria e adiou para o dia 17 de fevereiro de 2025 o júri, dos réus José Mário de Lima Silva, Edinaldo Estevão de Lima e Fredson José dos Santos, acusados de matarem Kleber Malaquias, em 2020.

Relembre o caso 

Segundo o processo, o crime aconteceu dentro de um bar, em Rio Largo, na tarde de 15 de julho de 2020, dia do aniversário da vítima. A execução teria sido arquitetada pelos envolvidos que atraíram Kleber até o Bar da Buchada para realizar o assassinato.

A vítima era conhecida por denúncias contra políticos e autoridades, sendo esta a possível motivação do crime.

De acordo com o relatório, o policial militar José Mário, na época pré-candidato a vereador, marcou um encontro com Kleber para conversar sobre questões políticas. Na ocasião, Fredson José teria efetuado os disparos de arma de fogo que levaram a vítima à morte.

Consta nos autos que Kleber era alvo de constantes ameaças devido às denúncias que fazia contra políticos e autoridades.