O CadaMinuto começou, na última semana, a série de entrevistas com os candidatos à prefeitura de Maceió. Ao todo, cinco nomes participam da disputa: JHC (PL), Lenilda Luna (UP), Lobão (Solidariedade), Nina Tenório (PCO), Rafael Brito (MDB).

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Seguindo a ordem alfabética, a segunda entrevistada da série é a candidata Lenilda Luna, que concorre pelo UP. Ela criticou o crime ambiental da Braskem, defendeu a estatização de serviços, como saneamento básico, e disse que, caso eleita, pretende revogar as parcerias público-privadas.

Veja a entrevista na íntegra:

 

Por que decidiu ser candidata a prefeita de Maceió?

A Unidade Popular, um partido formado por trabalhadores e trabalhadoras organizados em movimentos sociais, está apresentando suas propostas em várias cidades do país. Aqui em Maceió, eu e Vânia fomos escolhidas para representar o partido nesta luta eleitoral. Uma tarefa que fazemos com orgulho, compromisso, dedicação e principalmente com a certeza de que é uma construção coletiva. Diante de um acirramento da luta de classes, quando vários direitos trabalhistas e sociais que conquistamos com tanta mobilização estão sendo retirados, é preciso se organizar e lutar. As propostas da classe trabalhadora para a cidade de Maceió precisam ser defendidas também na campanha eleitoral. Não adianta buscar direitos nos sindicatos, nos movimentos sociais, nas lutas feministas, e depois votar em candidatos das elites que são contrárias à nossa luta. Por isso nosso lema é Maceió com o povo no poder!

 

Como você avalia as principais questões ou problemas atuais na capital e quais são suas intenções para resolvê-los?

Temos um grave problema que é o maior crime socioambiental em área aberta no mundo, em andamento na nossa cidade.  A petroquímica multinacional não pode ser tratada como parceira, como temos visto nas propagandas da atual gestão municipal. A Braskem é uma empresa criminosa e condenada no Tribunal em Roterdã, na Holanda. A nossa gestão vai se somar às 60 mil vítimas para exigir a prisão dos responsáveis. Também queremos a anulação do Acordo da Prefeitura de Maceió com a Braskem e a auditoria do R$ 1,7 bilhão repassado à Prefeitura; O povo precisa saber da  destinação desse dinheiro. 

Outra questão urgente é o combate à fome e à insegurança alimentar. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), foi extinto no governo Bolsonaro, mas foi retomado no governo Lula e tem uma representação em Alagoas. Queremos planejar, com o apoio do Consea, ações como integrar as hortas populares a escolas e unidades de saúde e promover a educação alimentar, a saúde e a geração de renda para as famílias envolvidas. A fome é uma consequência grave das desigualdades sociais e nós precisamos buscar soluções que apontem para uma sociedade mais igualitária, uma sociedade socialista. Podemos começar com a taxação das grandes fortunas para implementar programas de alimentação para o povo.

 

Considerando seu plano de governo, quais são suas prioridades? Por quê?

Além do combate à fome, que é urgente, também são prioridades para o nosso povo melhorar a mobilidade urbana, reforçando a função social do transporte coletivo. Em relação à Saúde, vamos revogar as parcerias público-privadas e retomar a gestão pública das Unidades Básicas e hospitais, com o controle social, fortalecendo o Sistema Único de Saúde. A educação também tem que voltar à gestão pública, com planejamento estratégico participativo. 

Vamos garantir o saneamento básico em toda a cidade, com o fim da privatização das empresas de saneamento básico e reestatização daquelas privatizadas. Pretendemos fortalecer e ampliar o Programa de Coleta Seletiva Solidária para estimular o descarte consciente dos resíduos sólidos e promover o desenvolvimento de cooperativas de catadores de material reciclável.

Queremos gerar emprego com a realização de concursos públicos e com a contratação de serviços e obras, com critérios que valorizem a participação de empresas locais e cooperativas. 

Melhorar a mobilidade urbana, investindo em transportes coletivos, municipalizados e eficientes. Implementar ciclovias seguras, também são propostas do nosso programa

Enfim, temos muito trabalho pela frente com a participação popular 

 

Como você pretende estabelecer e manter uma boa relação com o governo estadual e federal? Que tipo de parcerias você buscará para trazer mais recursos e apoio para Maceió?

Temos que pressionar pelo fim das emendas impositivas, que inclusive, estão sendo alvo de ações judiciais. Os deputados não podem continuar usando o orçamento público para criar suas estruturas políticas. É uma forma de destinar recursos sem transparência, sem planejamento e que alimenta a relação nociva de negociatas políticas. É preciso investigar o orçamento secreto, porque essa total falta de transparência na destinação de recursos públicos não pode ser considerada normal

Devemos fortalecer a destinação constitucional das verbas que devem ser repassadas diretamente às cidades, que é a esfera de participação social mais próxima do cidadão, para investir em Educação, Saúde, Cultura e demais prioridades para o desenvolvimento socioeconômico.

 

De que maneira planeja envolver a população nas decisões políticas e na formulação de políticas públicas?

O controle social é um princípio constitucional. Para nós, da Unidade Popular, a participação do povo nas decisões deve ser ampla e radicalmente estimulada. Não é à toa que nosso lema é Maceió com o povo no poder!  Teremos conselhos populares para decidir sobre todas as áreas públicas: saúde, educação, mobilidade urbana, etc.

 

Qual é a sua estratégia para manter uma relação produtiva e colaborativa com a Câmara Municipal? Como pretende lidar com possíveis conflitos e garantir que suas propostas sejam aprovadas e implementadas?

Infelizmente, a Câmara Municipal de Maceió, assim como o Congresso Nacional, nem sempre tem se pautado pela defesa do bem comum. Existe uma pressão para controlar os recursos públicos visando alimentar bases partidárias. A forma de neutralizar essa relação que afeta a autonomia do Poder Executivo é a mobilização popular, que deve ocupar o plenário para garantir que as prioridades coletivas sejam respeitadas. Essa participação coletiva tem muito mais efeito que conversas fechadas em gabinetes.

 

Quais medidas você adotará para evitar a corrupção e assegurar que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficiente e transparente?

Fortalecer os conselhos em todas as áreas de políticas públicas e divulgar no Portal da Transparência todos os recursos e gastos são importantes. Mas, como temos visto gastos milionários nessa gestão de Caldas, sem a transparência necessária,  vamos precisar fazer uma auditoria da dívida do município para eliminar a sangria desordenada de recursos públicos e melhorar a capacidade financeira do município para atender os interesses da população. 

Vamos fazer uma cobrança rigorosa das dívidas ativas de impostos dos grandes bancos e empresas. Elaboração de um projeto de lei que, em última instância, retire o alvará dos possíveis sonegadores. 

Vamos trabalhar pelo fim dos privilégios. Queremos o corte dos luxos para todos os cargos comissionados, secretários e prefeita. Cada um vai receber o salário equivalente a sua profissão ou ao salário de um professor; vamos propor a mesma medida para a Câmara de Vereadores. 

Transparência na aplicação dos recursos da CFEM - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais. O povo precisa saber onde o recurso está sendo aplicado. 

Definir padronização da identidade visual do município, evitando a cada gestão gastos absurdos com identidade visual. 

 

Nos últimos anos, Maceió tem se mostrado uma capital que tende a apoiar candidatos de direita. Como pretende ganhar o voto da população?

A sociedade busca sempre a garantia de direitos, transparência para garantir a correta aplicação de recursos e uma cidade que seja organizada para quem vive nela. Somos a candidatura com mais ousadia e compromisso para mudar Maceió para melhor. Vamos dialogar com o nosso povo. Somos pelo poder do povo, e o povo trabalhador dessa cidade é a esmagadora maioria. Está na hora de sermos nós por nós. Nós somos a candidatura popular  contra os projetos milionários das elites políticas, e acreditamos nesse voto de revolta que quer mudança de verdade!

Na terra de Zumbi e Dandara dos Palmares, o espírito tem que ser de luta!