A saúde pública em Maceió segue preocupando os eleitores com a proximidade das eleições municipais de 2024. Só para se ter uma ideia, segundo pesquisa divulgada pela Quaest, no último dia 6 de setembro, 33% dos entrevistados na capital alagoana consideram o tema como sendo o problema mais grave da cidade.
Para entender a preocupação dos maceioenses e saber qual as propostas dos candidatos sobre o tema, o CadaMinuto ouviu especialista e analisou os planos de governo dos candidatos ao executivo municipal.
O médico e presidente da Associação Alagoana de Medicina de Família e Comunidade (AAMFC), Rafael Morais, acredita que o maior obstáculo na saúde da cidade é a deficiência de unidades de atenção primária à saúde, que hoje cobrem apenas 30% da população.
“Apenas uma fração da população maceioense tem uma equipe de saúde para chamar de sua, quando a realidade que é obrigação do município pela PNAB [Política Nacional de Atenção Básica] é garantir a cada pessoa um profissional da medicina, enfermagem, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde.”, explica o médico.
Para Morais, a maioria dos cidadãos precisa recorrer a Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais, locais inadequados para tratar os problemas crônicos. Ele também critica a terceirização dos serviços, que precariza as condições de trabalho dos profissionais de saúde.
Além disso, o especialista aponta a demora no acesso a exames e especialidades médicas como um dos principais desafios, especialmente para os moradores das periferias de Maceió, que enfrentam dificuldades financeiras para até mesmo se deslocar até os locais de atendimento.
“As dificuldades financeiras das pessoas que cuidamos impedem até de comprar uma passagem de ônibus sem planejamento, como acontece frequentemente com situações de saúde.”, disse Morais.
Ainda de acordo com ele, muitas medidas ineficazes foram tomadas durantes os anos, apenas atrasando a resolução de problemas reais no sistema de saúde maceioense. Ele sugere que algumas ações podem ser realizadas para que ocorra um avanço, são elas:
- Ampliação do acesso a especialistas da área como profissionais da Medicina de Família e Comunidade, Enfermagem de Família e Comunidade, Odontologia de Saúde da Família, etc;
- Garantir remuneração justa e direitos dignos para os trabalhadores das Atenção Primária à Saúde (APS) por meio de gestão e vínculos públicos;
- Assegurar que as Unidades de Saúde tenham infraestrutura e materiais para os atendimentos.
Veja as propostas dos candidatos sobre o tema:
JHC (PL)
- Implantar o Hospital Veterinário Municipal, focando no atendimento a animais de famílias de baixa renda e aqueles resgatados por organizações de proteção animal.
- Ampliar os Centros de Acolhimento e Reabilitação para dependentes químicos vinculados à Prefeitura.
- Ampliar o programa Remédio em Casa.
- Ampliar o programa Corujão da Saúde nos postos de saúde.
- Consolidar a rede de média e alta complexidade do Hospital da Cidade.
Lenilda Luna (UP)
- Ampliar o acesso a Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Equipes de Saúde da Família (ESF) em todas as regiões;
- Implementar programas de promoção da saúde que abordem as diversas dimensões do bem-estar humano, incluindo aspectos físicos, mentais, emocionais e sociais;
- Fim das Parcerias Público-Privadas (PPPs) na Saúde;
- Auditoria de todos os contatos da prefeitura com institutos comandados por vereadores, com repasse dos recursos para o serviço público;
- Realizar concursos públicos para a contratação de profissionais;
- Criar laboratórios municipais de medicamentos;
- Criar centros de atenção multiprofissional especializados para promoção da saúde integral de pessoas neurodiversas (TEA, TDAH e outras condições).
Lobão (Solidariedade)
- Criar o Programa Tem Médico, nos moldes do Mais Médicos, para garantir a universalização do atendimento de atenção básica, através do Programa Saúde da Família;
- Ampliação da rede de atenção básica, com a construção de seis UPAs;
- Política de incentivos e benefícios e melhoria das condições de trabalho, capacitação e desenvolvimento profissional;
- Criação do Complexo Multidisciplinar para atendimento às pessoas diagnosticadas com o Transtorno dos Espectro Autista (TEA);
- Construção e reforma de unidades de saúde, contratação e capacitação dos profissionais;
- Criação do laboratório municipal para desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos, inclusive derivados da cannabis medicinal.
Nina Tenório (PCO)
- Saúde pública estatal, sem controle de empresas privadas como as Organizações Sociais (OSs);
- Os trabalhadores da saúde devem ter controle do sistema por meio de suas próprias organizações;
- Aumento de investimentos para garantir saúde gratuita e de qualidade para todos os trabalhadores;
- Salários dignos para os profissionais da saúde.
Rafael Brito (MDB)
- Ampliar a Atenção Primária à Saúde (APS) e construir novas Unidades de Saúde da Família (USF);
- Criar o Programa TEA-MO para atendimento especializado de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA);
- Construir clínicas multidisciplinares para a primeira infância (Clínica CRIA) na parte alta de Maceió;
- Criar o Programa “Fila Zero” para eliminar demandas de consultas, exames e cirurgias;
- Implementar o Programa Tele Saúde Maceió para consultas e diagnósticos online;
- Construir o Centro Integrado Oncológico de Maceió para atendimento a pacientes com câncer.
*Estagiária sob supervisão da editoria