Do que você precisa para realizar seus projetos? Os descolados, movidos pelos ventos da nova gramática existencial, citariam a “resiliência” no topo dos requisitos para alcançar uma meta. Outros, veteranos na permanente peleja dessa vida, ficariam com a alternativa “trabalho duro”. Uma terceira patota, na inocente crença de um mistério superior, apontaria a “fé” como atributo indispensável. Cada um vai com o que tem.
A lista de qualidades para se obter sucesso certamente não seria curta, imagino eu. Mas as três variáveis citadas acima apareceriam em qualquer enquete que tentasse medir a questão aqui abordada. Em nosso novo mundo, os cursos de coach servem para isso. Multidões seguem autoproclamados gurus que vendem maravilhas e garantem seu futuro como jamais imaginado em suas melhores fantasias. Basta “força de vontade”.
Rafael Tenório (foto), o megaempresário e dublê de cartola do futebol alagoano, dá uma receita mais curta, direta e definitiva – ao menos segundo sua filosofia de conduta. Como materializar aquele grande sonho? “Tem que ter bala na agulha. Tem que ter dinheiro”. A lição do milionário está em um vídeo, com duração de 15 minutos, que ele divulgou para, pelo que entendi, repudiar críticas que recebe nas redes sociais. O tom é de revolta.
O assunto foi divulgado aqui no CM no último dia 5. Na gravação, o ex-presidente do CSA apresenta um livro com o título Prestação de Contas. Segundo ele explica, é um relato completo de sua gestão à frente do clube entre os anos de 2016 e 2021. Tenório voltou à presidência em 2023, mas renunciou ao cargo em março deste ano. Desde então, diz ele, é alvo de mentiras em redes sociais financiadas por “propinas” da atual gestão.
Procurada pela imprensa, a presidente do CSA, Mirian Monte, disse que não iria responder aos ataques e que estava tocando o trabalho. Ela era vice de Tenório até ele renunciar. O empresário afirma no vídeo que o CSA está falido, muito diferente do tempo em que ele era o mandachuva. Diz ainda que 23 milhões de reais recebidos da Braskem como indenização foram torrados de forma não republicana, digamos assim.
No correr dos 15 minutos da gravação, Tenório critica duas pessoas, mas sem citar seus nomes. Além da presidente Mirian Monte, seu outro alvo é o ex-presidente do clube Omar Coêlho, falecido em maio do ano passado. Para o empresário, somente dois dirigentes do CSA fizeram história no Azulão: o usineiro João Lyra, morto em 2021, e, é claro, ele próprio. A grande qualidade da dupla, segundo Tenório, era uma só: o dinheiro.
Na era dos influenciadores, que fazem da ostentação da grana a virtude da alma, Rafael Tenório, um dinossauro de geração remota, tem lugar garantido. É praticamente um avô da rapaziada que ostenta Porsche, iates e viagens a ilhas privadas em mares distantes. Para chegar lá, amigo, não tem outra via: o negócio é “bala na agulha”.