Vazamento de gás eleva potencialmente o risco de acidentes no ambiente. A molécula do gás LP (liquefeito de petróleo), conhecido coloquialmente como gás de cozinha, é mais pesada que o ar e ocupa o lugar do oxigênio, isso pode levar a problemas, como falta de ar, explosões e incêndios. O risco vale tanto para os botijões, quanto para imóveis com gás encanado.

Sentir o cheiro característico do produto é um sinal de que alguma coisa está errada no botijão ou no fogão. E há alguns critérios a serem observados e considerados para evitar acidentes. Além disso, a inalação de gás pode resultar em sérios problemas de saúde. E o contato com faíscas,  ainda que minimamente, pode ocasionar uma explosão.

O CadaMinuto entrevista, deste sábado (7), conversou com o Capitão Genesis, do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL), para esclarecer sobre os cuidados que a população deve seguir durante a instalação e manuseio de botijões e mangueiras de gás de cozinha.

A preocupação se dá após uma explosão de gás de cozinha em uma residência, localizada no bairro Chã de Bebedouro, em Maceió, no dia 23 de agosto, onde três pessoas sofreram queimaduras graves e duas delas morreram após ficarem internadas no Hospital Geral do Estado (HGE).

Confira a entrevista:

Como é possível identificar um vazamento de gás?

É possível identificar um vazamento de gás, principalmente, através do cheiro característico, proveniente do Mercaptano. Essa substância é adicionada ao GLP (gás liquefeito de petróleo) ou GN (gás natural) para dar o cheiro característico do gás de cozinha que conhecemos. Outra observação que pode ser feita é com relação à presença de ruído de vazamento, que pode ser ouvido um assobio próximo ao ponto de vazamento. Uma ideia para confirmar o local do vazamento seria aplicar uma solução de água com sabão e observar se serão formadas bolhas no local onde o gás está escapando.

Quais os procedimentos a serem adotados logo que se perceba que há um vazamento?

Primeiro de tudo a se fazer é evitar todas as formas de ignição, evitando ligar ou desligar interruptores e aparelhos elétricos, pois pode gerar faíscas. Depois pensa-se em arejar o ambiente por meio de uma ventilação no local, abrindo janelas e portas a fim de arejar o ambiente e dissipar o gás acumulado.

Se for possível e seguro, feche a válvula do gás no botijão ou na tubulação. 

Saia imediatamente da área de risco e, em seguida, ligue para o Corpo de Bombeiros (193) e informe o que houve e como está o local.

Capitão Genesis / Foto: CBM/AL

 

Qual atitude tomar ao sentir um cheiro de gás?

Não acender fósforos ou isqueiros ou qualquer fonte de calor;

Não utilizar aparelhos elétricos, como ventiladores ou eletrodomésticos, nem ligar ou desligar interruptores;

Abrir todas as janelas e portas imediatamente para permitir a ventilação e tornar o ambiente mais arejado;

Fechar o registro/ válvula do gás;

Sair do local e entrar em contato com o Corpo de Bombeiros.

Se o gás for distribuído por tubulação, como o utilizado em condomínios, os procedimentos a serem seguidos são os mesmos? Todos os moradores que dividem o sistema de tubulação devem ser avisados?

Os procedimentos básicos são os mesmos, mas é essencial que: o síndico ou responsável pelo condomínio seja notificado imediatamente para que medidas possam ser tomadas em todo o sistema;

O síndico deve entrar em contato com a assistência técnica da instalação da rede de gás e/ou com a distribuidora e, se for preciso, até com o Corpo de Bombeiros. Nesse momento deverá ser avaliada a necessidade de avisar aos moradores, principalmente se o vazamento puder afetar o fornecimento geral ou causar risco.

Ao notar a presença de fogo, ou após uma explosão, o que a pessoa deve fazer?

Sair rapidamente do local, evitando o uso de elevadores;

Acionar o Corpo de Bombeiros (193) e informar a situação, fornecendo o máximo de detalhes.

Não tente combater o fogo sem equipamentos adequados nem conhecimento de técnicas aprendidas em cursos de brigada de incêndio, por exemplo;

Se possível, ajudar na evacuação de outras pessoas, mas sem se colocar em risco.

Em Alagoas, quais são as maiores causas de incêndio?

As maiores causas de incêndio em Alagoas incluem: 

Curto-circuitos, provenientes problemas na rede elétrica, como fiação desgastada ou sobrecarga de tomadas; 

Descuidos com velas e cigarros;

Não com tanta frequência, mas também o uso inadequado de botijões de gás, principalmente instalação incorreta ou manutenção precária de mangueiras e válvulas, são causas de incêndio.

E, nessa época do ano, o campeão de ocorrência são as queimas descontroladas de resíduos em áreas com vegetação, provocando incêndio em grande parte da vegetação.

Quantos incêndios ou ocorrências envolvendo gás de cozinha foram registrados em Alagoas, em 2024? E em 2023?

 Em 2023, tivemos 128 ocorrências envolvendo gás de cozinha no Estado. E este ano, 2024, até o momento, já foram registradas em nosso sistema 89 ocorrências.

Quais os cuidados/dicas essenciais que as pessoas devem ter para evitar/prevenir incêndios em residências ou estabelecimentos?

Verificar periodicamente a fiação elétrica. Caso seja edificação multifamiliar ou comercial, já são cobrados esses itens, dentre outros, como pré-requisito para emissão de Alvarás do corpo de bombeiros;

Sempre instalar botijões de gás em áreas ventiladas e verificar regularmente as mangueiras e conexões;

Evitar instalação de botijão de gás próximo a ralos, pois caso haja vazamento, o gás pode acumular nesses ambientes. Convém esclarecer que a faixa de explosividade do GLP é entre 2% e 9%. Isso significa que se a concentração desse gás estiver dentro dessa faixa e tiver alguma fonte de calor próxima, então a chance de explosão é grande.

Nunca deixar velas acesas sem supervisão, principalmente perto de materiais inflamáveis.

Não conectar muitos aparelhos elétricos em uma mesma tomada (evitar o uso de T – benjamins);

Nunca deixe panelas no fogo sem vigilância.

É importante frisar que as mangueiras de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) são componentes essenciais para o transporte seguro do gás do botijão até o aparelho, como fogões, aquecedores e outros equipamentos. Elas precisam seguir normas de segurança para evitar vazamentos e garantir o uso eficiente e seguro do gás.

O material dessas mangueiras deve ser flexível e resistente a altas pressões e à ação de produtos químicos. Geralmente, são feitas de borracha sintética ou PVC com reforço interno, de acordo com a NBR 8613 da ABNT. 

É importante também respeitar a exigência acerca do comprimento máximo de 1,25m, além de dar uma atenção para a validade, que no geral, deve ser trocada a cada 5 anos. No entanto, deve-se realizar inspeções periódicas para observar as condições de uso, como desgastes, dobras, rachaduras ou qualquer avaria que possa comprometer a segurança. Além da observação se a mangueira está passando por trás do fogão ou próximo de superfícies aquecidas. 

Se a mangueira apresentar sinais de desgaste, rachaduras ou estiver fora do prazo de validade, deve ser substituída imediatamente para evitar vazamentos, que podem levar a incêndios ou explosões.