É manhãzinha, na caminhada matinal  avisto o  homem, preto, preto, pretinho, raquítico de sonhos, a boca atravessada pelas cáries, e o saúdo com um bom dia!

Desconfiado e com o olho anuviado pela descrença rebate:

- Bom dia, para quem?

O homem, com  uma idade beirando a velhice, está amuado, com fastio de sonhos, porque faz tanto tempo que mora sob o céu, que conhece todas as esquinas das estrelas e os desafios da sobrevivência.

Viver ao léu não é nada fácil.

Desafios, né?

O homem  morador , em situação de rua,  está sujo, talvez com frio ( choveu toda noite anterior) e possivelmente com uma fome abissal.

Olho para o preto, a pele encardida pelo descaso do mundo e  saio matutando com a fala ríspida do cabra.

Ôxe!

 É, bom dia pra quem?

E lembro que no  dia da população de rua teve até que o governo do estado  de Alagoas fez um bonito Seminário para falar do homem ( que nem sabe que sua existência é assunto de debate) e de tant@s que estão na rua.

Até uma autoridade de Brasília veio.

Bom dia, pra quem?

É preciso ir muito além…