Esta semana o Brasil acordou assustado com mais uma tentativa de silenciar a voz que ecoa pelas ruas, pelos jornais e pelas telas – elas são muitas e incomodam. Mais uma tentativa de calar aqueles que ousam questionar, criticar e expor os seus sentimentos. Era quase irônico, eu diria, que em pleno século XXI ainda tivéssemos que lutar por algo tão fundamental quanto o direito de falar e ser ouvido. Eu, que estou no twitter desde 2010, fiquei assombrado com o banimento desta rede social que, diga-se de passagem, sempre foi minha rede preferida.

A Constituição, nossa velha e reformada amiga, clara como a luz do sol, nos garante o direito à manifestação do pensamento, à criação, à expressão. Diz que nenhuma lei poderá nos amordaçar, que a censura é proibida, e que a liberdade de informação é um direito inalienável. Mas, ah, como é fácil esquecer as palavras gravadas em papel, quando o poder treme diante do grito do povo que, até um dia desses, não participava dos debates políticos.

O bloqueio levantou questionamentos sobre a censura, essa coisa abjeta, e o papel das plataformas digitais na disseminação e na democratização da informação. Muitos usuários se mostraram alarmados com a possibilidade de perder um canal de comunicação amplamente utilizado no planeta. Por causa dessa ousadia sem precedentes na história republicana, de querer banir o que não pode ser silenciado, o povo tomou uma decisão: a decisão de não se curvar. De não baixar as cabeças, nem deixar que nossos dedos hesitem sobre os teclados, nem os pés hesitem sobre as ruas, já que a liberdade de expressão não é apenas um direito. Ela é um dever. Um dever de questionar, de expor, de trazer à luz aquilo que muitos prefeririam manter na sombra.

Eles tentam, sim, tentam calar a massa, com o pretexto cínico de combate ao ódio, fazendo questão de esquecer que quem levou uma facada foi o ex-presidente que fala grosso e não o presidente sindicalista, este, ironicamente a mãe e o pai do “Nós, contra eles”, que dividiu o brasileiro em vários grupos e fomentou o verdadeiro ódio e ressentimento por vias do criminado sectarismo identitário.

Mas a história já mostrou, vezes sem conta, que a verdade sempre encontra um jeito de emergir. E nós, homens e mulheres comuns que seguramos a caneta ou apertamos as teclas, somos os guardiões da liberdade. Que venham os desafios, as ameaças, as tentativas de censura, esta coisa execrável. Estamos prontos, de mãos dadas com a Constituição, para lembrar ao mundo que ela, a liberdade, não se negocia.