Não adianta brigar com os números. É claro que o cenário é amplamente favorável ao prefeito João Henrique Caldas na disputa pelo comando da capital alagoana. A pesquisa Quaest, divulgada pela TV Gazeta há uma semana, aponta que o bolsonarista JHC tem 74% das intenções de voto. A reeleição parece (quase) garantida. Em segundo lugar aparecem empatados com 4% o deputado Rafael Brito e o ex-vereador Lobão.

A corrida tem ainda Lenilda Luna, com 2% das preferências, e Nina Tenório, com 1% do eleitorado. As duas são os nomes mais à esquerda entre os postulantes. Pelo histórico, não devem passar dos atuais níveis registrados até agora. Olhando para os dados da pesquisa estimulada – quando o eleitor é apresentado a uma lista de concorrentes –, a eleição estaria virtualmente decidida. Uma reviravolta dependeria de algo inesperado.

Mas a turma de Rafael Brito, o candidato do MDB, deve estar mirando o que mostram os dados sobre a pesquisa espontânea. Porque quando o eleitor responde em quem vai votar – mas sem uma lista prévia diante dos olhos –, nada menos que 58% se declaram indecisos. É uma diferença e tanto em relação ao cenário de pergunta estimulada. É mais da metade do eleitorado deixando claro que ainda não resolveu o destino de seu voto.

Outro aspecto a ser notado no levantamento da Quaest – que estreia em eleições por aqui – é a variável “decisão de voto”. É quando o eleitor responde se ele ainda pode mudar a escolha que revela na pesquisa estimulada. Nesse caso, aponta o instituto, 65% disseram que estão convictos da opção. Mas outros 34% informaram que a escolha de hoje pode ser outra amanhã. É outro dado que não pode ser menosprezado.

Com quase 60% de indecisos e 34% de eleitores que podem mudar o voto, uma disputa eleitoral ainda tem jogo. É o que deve estar pensando, suponho eu, a galera que toca a campanha de Rafael Brito. Pelo que vi na propaganda na TV, o candidato do MDB usa o caso Braskem para denunciar a postura do prefeito diante da tragédia que atingiu milhares de famílias com o afundamento dos bairros. A pancada é forte.

Já o prefeito reza para que o tempo passe rápido, de preferência sem debates nem polêmicas. Quanto menos tiver de falar, melhor para o candidato que faz sucesso com dancinhas de TikTok. Está certo. Cada um com suas armas. A eleição é daqui a um mês. Brito e JHC jogam as fichas em estratégias opostas para garantir, nesse curto espaço de tempo, o voto do maceioense. A fotografia do agora pode mudar. Ou não. É com o eleitor.