A economia brasileira teve crescimento surpreendente no segundo trimestre do ano, apontam dados do IBGE divulgados nesta terça-feira, 3 de setembro. A surpresa, no caso, se deve às projeções feitas por economistas e baluartes do mercado financeiro. Erraram todos. O PIB cresceu 1,4% em relação ao período anterior, na contramão das previsões pessimistas. O resultado sinaliza desempenho acima do esperado para 2024.

Desde o começo do governo Lula, os nomes mais badalados do pensamento econômico não acertam uma. A cada rodada de opiniões na grande imprensa, o terremoto estaria batendo à porta. Falta quase nada para uma recessão infernal, com desemprego nas alturas e inflação fora de controle. O danado é que a realidade insiste em triturar cada uma das profecias sobre o fim do mundo no Brasil. É o que temos agora, outra vez. 

Daqui a pouco, o novo governo vai completar dois anos, e nada de o Apocalipse começar. O que explica esse abismo entre as ideias de brilhantes economistas e a frieza de números e estatísticas? Petistas e o pessoal do governo não hesitam na acusação de tentativa de sabotagem. Houve os casos mais grosseiros, como o de Paulo Guedes, que marcou prazo para o país “virar uma Argentina e uma Venezuela”. Já passou faz tempo.

O ex-ministro de Bolsonaro é o exemplo mais grotesco do que vai na extrema direita. Não é análise, é torcida, além de puro terrorismo, a partir de fantasias embaladas em dados de um mundo paralelo. Para alimentar a falácia das projeções catastrofistas, tentou-se apontar um suposto descontrole nas contas e um descompromisso com o ajuste fiscal. Verdadeiro mantra da oposição, volta e meia, o tedioso roteiro retorna à praça.    

De volta à vida real, o crescimento da economia teve destaque incomum no Jornal Nacional. O assunto abriu a “escalada”, que são as manchetes do telejornal. Em seguida, uma série de reportagens praticamente celebrou o êxito do governo, com direito a uma longa fala do ministro Fernando Haddad. É a Globo tentando se afastar daquele padrão que vigorou nos ataques ao governo Dilma e na adesão bizarra à Lava Jato.    

Estamos longe do paraíso, é evidente. Se o bom desempenho vai se manter, não sabemos. O que se sabe é que o desastre decretado pelos especialistas nunca chegou nem perto de uma sombra de verdade. Berrar que a economia está no buraco combina com o discurso dos patriotas sobre a “ditadura do Lula e do Xandão”. Além de uma balela, é uma distorção deliberada dos fatos. Parece que Lula vai dando certo.