As eleições para vereador, prefeito e vice-prefeito acontecerão no primeiro domingo do mês de outubro, dia 6. O cidadão de Maceió poderá votar em um candidato para vereador e em uma chapa para a prefeitura, sendo prefeito e vice-prefeito.

Para melhor entender o contexto geral sobre as eleições de 2024, o CadaMinuto reuniu as principais informações sobre as eleições, os cargos concorridos e dados gerais sobre as candidaturas deste ano.

Vereadores de Maceió – Câmara Municipal

A Câmara Municipal de Maceió ou simplesmente Câmara de Vereadores é o órgão legislativo do município que tem sede no chamado Palácio Mário Guimarães, no bairro do Jaraguá.

É neste prédio (palácio), composto por auditórios, salas e escritórios, que se encontram os gabinetes dos vereadores de Maceió e o plenário da câmara.

Nos gabinetes, os vereadores atendem à população e realizam trabalhos administrativos e legislativos com sua equipe de assessores. Já no plenário, realizam-se as sessões ordinárias nas terças, quartas e quintas-feiras, às 10h. Local onde os vereadores podem propor, discutir e votar projetos de lei.

Seguindo os conceitos republicanos, o plenário da câmara deve servir como um espaço de discussão entre os vereadores, que compõem o poder legislativo do município, onde todos podem falar livremente suas ideias e questionar os problemas da cidade.

Portanto, a função do vereador é, basicamente: legislar (criar novas leis) e fiscalizar as ações da prefeitura. Seu mandato dura quatro anos. Os eleitos em outubro de 2024, exercerão a função no período de 2025 a 2028.  

Para as eleições deste ano, serão eleitos 27 vereadores para Maceió. Atualmente, cada vereador recebe um subsídio mensal de R$ 15.031,76. Você pode conferir esta informação clicando aqui. 

Para concorrer às 27 vagas disponíveis, 313 pessoas se candidataram para o cargo de vereador. Desse total de candidaturas, 23 já possuem mandato até o fim de 2024 e irão concorrer à reeleição. Nas eleições de 2020, foram registradas 598 candidaturas, número muito superior ao atual. 

Em relação a este dado, o jornalista Luís Vilar, blogueiro político, em entrevista para o CadaMinuto, explicou o motivo de tamanha diferença de candidaturas entre as eleições de 2020 e 2024, em Maceió. 

“Com o fim das coligações proporcionais, os partidos começam a realizar novas estratégias com base nos quocientes eleitorais. Isso obriga as agremiações a se estruturarem para eleger um representante da sigla ou bancada. Então, como os partidos se organizam, determina isso. Houve um partido como o PL que aglutina 10 vereadores de mandato na disputa, com perspectiva de eleger 11 ou 12. O MDB trabalha para eleger 3 ou 4, o PP pode chegar a 3, a Federação a 2 e por aí vai.”, disse Vilar.

Ainda analisando as estratégias partidárias, o jornalista continua: 

“No caso de outros partidos, há um agrupamento de candidatos para eleger um representante apenas, como é o caso do Solidariedade, do Podemos, do PSD, do Republicanos que partiram para essa estratégia. Então, há siglas que não conseguem isso e acabam tendo menos candidatos ou não tendo sequer candidaturas.”

Vilar também diz que nem todos os candidatos estão “na briga” para a eleição: 

“Na prática, isso significa dizer que, mesmo com mais de 300 candidatos, os que de fato estão na briga somam um número bem menor, já que alguns estão pela suplência, para fazer escada ou ganhar visibilidade para futuras eleições. O partido que não consegue ser atrativo matematicamente para os objetivos de quem entra na disputa corre o risco de sequer formar chapa. Ocorre isso em algumas cidades. Há muito da matemática eleitoral neste jogo.”, concluiu. 

Dos 313 candidatos, 207 são do sexo masculino (66%) e 106 do sexo feminino (34%). Em relação à faixa etária dos candidatos, existem 56 candidatos com idade entre 50 e 54 anos. Três candidatos entre 19 e 20 anos. E apenas um candidato acima de 75 anos.

Entre eles, 159 candidatos possuem ensino superior completo e 30 não concluíram o ensino superior;  97 concluíram o ensino médio; 8 pessoas não chegaram a concluir o ensino médio;  13 possuem o ensino fundamental completo e 6 candidatos não concluíram o ensino fundamental.

A maioria dos candidatos a vereador da capital alagoana se reconhece como pardo: 171. Outros 107 candidatos se reconhecem como brancos; 32 pessoas se reconhecem como pretas; duas pessoas da cor amarela e uma pessoa indígena. 

Entre os candidatos a vereador de Maceió existem três que se autodeclaram como gays; cinco dizem que são lésbicas, e 158 heterossexuais. Os outros 147 candidatos optaram por não divulgar. 

Sobre a identidade de gênero: 303 candidatos se declararam como cisgêneros, três candidatos como transgêneros e sete preferiram não informar este dado.  

Prefeito e Vice-prefeito

A função do prefeito e do vice-prefeito é exercer o poder executivo por meio das mais diversas secretarias municipais. O prefeito, chefe do poder executivo, realiza a gestão dos recursos advindos dos impostos pagos pelo cidadão. Obras, como, por exemplo: pavimentação de ruas, construção de escolas de ensino infantil e fundamental (anos iniciais) e postos de saúde, são de responsabilidade do prefeito e vice-prefeito eleitos. 

Atualmente, o prefeito de Maceió tem um subsídio mensal de R$ 20.000,00. Já o vice-prefeito tem um subsídio mensal de R$ 17.500,00. É o que nos mostra o portal da transparência da prefeitura de Maceió.

Em 2024, existem 6 chapas que concorrem às eleições para prefeito e vice-prefeito de Maceió. Veja abaixo.  

CHAPA – JHC (Prefeito) e Rodrigo Cunha (Vice)

João Henrique Holanda Caldas, conhecido como JHC, segundo os dados registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem 37 anos, reconhece-se da cor parda e possui superior completo. Seu patrimônio declarado ao TSE é de R$ 1.858.263,82 (Um milhão, oitocentos e cinquenta e oito mil, duzentos e sessenta e três reais e oitenta e dois centavos). Atualmente, é prefeito de Maceió. 

Rodrigo Cunha tem 46 anos e se reconhece da cor parda. Tem ensino superior completo e é natural de Arapiraca–AL. Os bens declarados do candidato chegam a R$ 667.500,00 (seiscentos e sessenta e sete mil e quinhentos reais). Rodrigo ocupa o cargo de senador da República. 

CHAPA – Lenilda Lula (Prefeito) e Vânia Gomes (Vice)

A candidata a prefeita de Maceió, Lenilda Luna, tem 58 anos e é servidora pública federal.  Nasceu em Cabo de Santo Agostinho–PE e possui ensino superior completo. Reconhece-se como parda. Os bens declarados ao TSE somam R$ 84.642,60 (oitenta e quatro mil, seiscentos e quarenta e dois reais e sessenta centavos).

Vânia Gomes é natural de Recife–PE, tem 38 anos e tem como ocupação catadora de recicláveis. Possui o ensino médio completo e se reconhece da cor preta. Segundo o sistema do TSE, a candidata não possui bens para declarar.

CHAPA – Lobão (Prefeito) e Danubia Barbosa (Vice)

Lobão tem 47 anos, nasceu em Maceió e é músico. Possui ensino médio e se reconhece da cor parda. Segundo o sistema do TSE, o candidato não possui bens para declarar.

Danubia Barbosa é natural de Maceió e tem 44 anos. Possui superior completo e é socióloga. Reconhece-se da cor preta. Segundo o sistema do TSE, ela não possui bens para declarar.

CHAPA – Nina Tenório (Prefeita) e Liu Soares (Vice)

A candidata Nina Tenório tem 25 anos e é natural de Maceió–AL. Reconhece-se como preta e possui ensino superior incompleto. Em relação à ocupação profissional, ela é vendedora do comércio varejista e atacadista. Segundo o sistema do TSE, Nina Tenório não tem bens a declarar.

Liu Soares tem 24 anos, nasceu em Maceió–AL e possui ensino superior completo. Reconhece-se da cor branca e não possui bens para declarar, segundo o site do TSE.

CHAPA – Rafael Brito (Prefeito) e Gaby Ronalsa (Vice)

Rafael Brito, atualmente deputado federal, nasceu em Maceió e tem 43 anos. Possui ensino superior completo. Segundo o TSE, seus bens somam o equivalente a R$ 1.265.000,00 (um milhão, duzentos e sessenta e cinco mil reais). 

Gaby Ronalsa tem 39 anos, nasceu em Maceió e atualmente é vereadora da capital alagoana. Ela tem ensino superior completo e seus bens declarados no site do TSE equivalem ao valor de R$ 907.189,04 (novecentos e sete mil, cento e oitenta e nove reais e quatro centavos).

CHAPA – Rony Camelinho (Prefeito) e Pedro Donato (Vice)

O candidato a prefeito de Maceió, Rony Camelinho, tem 55 anos e trabalha como administrador. É natural de Ibateguara e possui o ensino médio completo. Segundo o TSE, o candidato não tem bens para declarar. 

Pedro Donato nasceu na cidade de Campo Grande–AL e tem 65 anos. Reconhece-se da cor parda, tem ensino médio completo e é empresário. O candidato não tem bens para declarar, segundo o TSE. 

Distribuição geral de candidatos em partidos políticos para as eleições de 2024, em Maceió 

O CadaMinuto confeccionou uma tabela que mostra a distribuição dos candidatos nas respectivas posições ideológicas de seus partidos. 

Em relação aos espectros políticos, Maceió registra 166 candidatos filiados a partidos de direita ou centro-direita.

O número de candidatos filiados a partidos de esquerda e centro-esquerda é 100. Já os partidos de centro têm 59 candidatos.

Confira a tabela

Com o objetivo de compreender de que forma essa distribuição de candidatos pode influenciar no comportamento da Câmara de Maceió em 2025, esta reportagem ouviu o jornalista e blogueiro político Luís Vilar, que analisou os números e o cenário político atual. Além disso, o jornalista explicou de que forma nomes como Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro podem influenciar as eleições de 2024, em Maceió. 

Veja as perguntas e respostas na íntegra: 

Partidos de direita e centro-direita têm maior número de candidatos do que partidos de esquerda e centro-esquerda, em Maceió. Isso pode sugerir uma tendência de aumento do número de candidatos de direita eleitos e uma diminuição da eleição de candidatos de esquerda? O que isso pode representar no comportamento legislativo na Câmara de Maceió a partir de 2025? 

Não vejo um maior número de candidatos de direita, se pensarmos a direita como conservadora ou liberal clássica. Pois, se usarmos deste conceito, na prática, acharemos poucos nomes nesse sentido, ainda que haja partidos que se assumam de direita. Peguemos, como exemplo, o PL que é de Jair Bolsonaro. No PL, só temos de direita assumida o Leonardo Dias, o Eduardo Canuto e o Caio Bebeto. Há no PL até um nome que já foi do PT: Cleber Costa. E há aqueles que não conseguimos definir claramente uma linha ideológica, como Cal Moreira e Brivaldo Marques. Nesse sentido, a escolha do partido - para muitos candidatos - diz mais respeito à viabilidade da matemática eleitoral. A força do JHC arrastou uma bancada para o PL e nem todos são de direita. É um erro contabilizar todo o PL como uma direita em Maceió. O MDB abrigaria, em tese, centro e centro-esquerda. Mas temos no ninho emedebista o André da Maria Gorda, que defende Bolsonaro. Mais uma contradição em tese, que se repete até na majoritária com a vice Gaby Ronalsa, que está ao lado do Rafael Brito, mas ela é de direita. Na minha visão, ainda que a renovação na Câmara seja de sete ou oito vereadores (já contando as quatro renovações obrigatórias), pouco mudará a formatação do espectro ideológico que temos hoje, que é de poucas cadeiras que de fato se assumem direita e poucas que de fato se assumem esquerda. A maioria seguirá flutuando entre interesses próprios de pautas de categoria, grupos, bairros, fisiologismo puro ou um centro fluido fortemente influenciado pelo domínio da opinião hegemônica de plantão para evitar pautas polêmicas. A Câmara futura será igual e, independente do prefeito que seja eleito, este terá o poder de ter a maior bancada, como acontece historicamente. Afinal, o poder e a proximidade com o Executivo sempre atraiu a maioria dos nossos edis. Na composição atual, por exemplo, o único vereador de fato bolsonarista do PL é o Leonardo Dias, ainda que alguns tenham uma proximidade com a direita. Muitas vezes, partido é só cartório e chance de ser eleito. Do outro lado, na esquerda, há nomes na Federação, como Teca Nelma e Doutor Valmir. Mas há outros de perfil de esquerda espalhados, como a Olivia Tenório no Progressistas e o Gustavo Pessoa no PSB. Ainda que todos os citados sejam eleitos, a composição da Câmara, como já dito, fica com o mesmo espectro atual na correlação de forças ideológicas. 

De que forma a polarização nacional entre apoiadores do presidente Lula e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro atinge as eleições para vereador de Maceió?

As recentes pesquisas de opinião mostram que tanto Bolsonaro quanto Lula possuem poder de transferência de votos em Maceió. Então, aqueles que tiverem seus apoios explícitos podem captar parcela destes eleitorados. Isso não pode ser desprezado, pois o eleitor de opinião tem força, seja para um lado ou para o outro. O candidato que convencer que é o representante de Bolsonaro terá parcela do voto da direita, assim como aquele que convencer que é o de Lula. É importante? Sim. Agora, é tudo? Não. A eleição de vereador tem uma maior dificuldade, pois o voto é muito próximo, então entram outros componentes, como representar grupos. Exemplo: o candidato do bairro X, o candidato dos taxistas, o candidato do segmento do Esporte e por aí vai. Além disso, o poder econômico. Não podemos negar o poder do peso da grana, que será tanto maior quanto menor for a fiscalização em relação às formas ilícitas de captação de votos. Mas, nesse cenário, aquele candidato que souber aproveitar os apoios de transferidores de voto que tiver, obtém vantagem sobre o eleitor de opinião. E aqui não entro no mérito da qualidade da opinião, mas do fato de haver aqueles que buscam quem se enquadra em suas condições e Lula e Bolsonaro são norteadores neste sentido. É só lembrarmos que com esse tipo de voto já se elegeram vereadores no passado, como Fábio Costa, Heloisa Helena, para ficar só no passado. Na atual composição há nomes eleitos com esse tipo de voto que representam um pensamento dentro da sociedade. Obviamente que se estes tiverem um Plus que é a chancela de alguém maior desta corrente tendem a ter um bônus.

*estagiário sob supervisão da editoria.