No dia 8 de dezembro próximo, completam-se três décadas da partida de um dos maiores compositores brasileiro, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou simplesmente Tom Jobim. Era uma quinta-feira e eu estava em uma choperia quando um dos nossos amigos recebeu um telefonema que trazia a má notícia da morte do maestro.
Em 1994, as informações nos chegavam pelas TVs e jornais e se espalhavam rapidamente pelos recém-chegados aparelhos celulares, um luxo para poucos na época. Não tínhamos, como hoje, o poder difusor das redes sociais, para o bem e para o mal.
A roda de amigos logo ficou em silêncio, quebrado rapidamente por um brinde com chopes em homenagem a um dos principais criadores da bossa nova, ao lado de João Gilberto, Vinícius de Moraes, João Donato, Roberto Menescal, Nara Leão, Astrud Gilberto, Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli etc. Tom Jobim faleceu no Hospital Monte Sinai, em Nova York, devido a uma parada cardiorrespiratória, depois de ter sofrido uma embolia pulmonar. Nos deixou muito cedo, antes de completar 70 anos.
Compositor, arranjador, pianista, maestro e responsável por uma das mais fecundas obras musicais da história da formação cultural brasileira, também foi o mais reconhecido internacionalmente. Entre os anos 1950 e 1980, produziu músicas e letras que carregam os símbolos e sentimentos da nossa brasilidade.
Uma síntese do que representou Tom Jobim para o país e para a cultura mundial encontra-se no mais novo livro lançado pelo jornalista e escritor Ruy Castro. Em O Ouvidor do Brasil (Companhia das Letras, 2024), encontramos 99 crônicas escritas pelo autor que abordam a vida, a música, as parcerias, o contexto de vida e as particularidades da personalidade de Tom Jobim.
Dividido em quatro partes — O Ouvidor do Brasil, As Boas Histórias, Anos Dourados e Vou Te Contar — o livro é um mergulho na obra musical de Tom Jobim e também sobre a bossa nova, movimento genuinamente brasileiro, do qual devemos nos orgulhar e bater no peito, dizendo em alto e bom som: “sim, somos capazes de produzir e fazer coisas geniais!”
De uma uma sentada, passei por cada uma das 230 páginas do livro, mergulhando em parte do universo de Tom Jobim e suas relações com grandes estrelas da música brasileira e internacional. Com a acurácia de sempre, de quem conhece profundamente não apenas a história e os grandes personagens da bossa nova e o ambiente onde tudo se desenrolou — especialmente o Rio de Janeiro, mais precisamente entre os bairros de Ipanema e Leblon — autor de grandes obras como Chega de Saudade: A História e Histórias da Bossa Nova (1990), A Noite do Meu Bem: A História e as Histórias do Samba-Canção (2015), A Onda que se Ergueu no Mar: Novíssimos Mergulhos na Bossa Nova (2017) e Ela é Carioca (2021), todos pela editora Companhia das Letras, Ruy Castro mais uma vez nos brinda com uma obra que nos faz refletir sobre como somos potentes, criativos e reunimos muitas virtudes e atributos que nos envaidecem enquanto país e nação.
Ler O Ouvidor do Brasil tornou meu final de semana muito mais agradável, especialmente acompanhado da própria música de Tom Jobim, que eu colocava para tocar no Spotify a cada página do livro que virava, seguindo as orientações e menções de Castro aos grandes álbuns do nosso grande brasileiro. Quem puder, vale também regar esse momento com um ótimo drink, tomar um bom vinho ou saborear uma cerveja gelada.
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