Não tem jeito. Acaba uma eleição, e o mundo da política já está tomado pela próxima disputa. Sendo este um ano de eleições municipais, aí as especulações, projeções e apostas delirantes se espalham pelos quatro cantos. De novo, jornalistas e palpiteiros em geral põem à mesa o velho debate sobre a influência da eleição atual sobre a próxima. O que 2024 pode representar para o futuro em 2026? Neutralidade é impossível.

No plano estadual, o ministro Renan Filho pode disputar o governo mais uma vez? Este certamente será um suspense em tempo integral até 2026. Com um mandato de senador até dezembro de 2030, prestigiado no governo Lula e com potencial indiscutível de votos, ele corre numa via até agora confortável. Pelo panorama atual, o ex-governador estará em situação privilegiada para decidir pelo melhor roteiro. Ele sabe disso.

No campo oposto, o destino do prefeito João Henrique Caldas depende do resultado das urnas de outubro próximo. Candidato à reeleição, o cenário dos sonhos para ele é uma vitória consistente para, na metade de um segundo mandato, largar o posto para brigar pelo governo do Estado. Para isso, precisa primeiro combinar com o eleitor. Embora na dianteira nas pesquisas, tem no deputado Rafael Brito um adversário perigoso.

Presidenciáveis. No embalo de futurologia, as últimas semanas produziram uma zoada dos diabos sobre virtuais candidaturas a presidente em 2026. A doideira toma conta da turma da direita – a “moderada” e a extremista. Com Bolsonaro inelegível, tem patriota de diferentes matizes tentando ocupar o posto no coração das viúvas do “mito”. Entre os nomes mais óbvios, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é o mais afoito.

Ele disfarça, para não magoar Bolsonaro – que insiste no desvario de uma anistia, ficando apto a disputar em 2026. Com um ano e meio de mandato, Tarcísio conseguiu um aparente apoio decisivo em suas pretensões: é o homem do mercado. A turma que manda no dinheiro, nas bolsas, nos bancos etc. fechou com o brucutu disfarçado de “gestor”. Ao menos por agora, este é o plano da turma que abomina Lula e o PT. 

Mas, como disse, os últimos dias sacudiram esse mercado de especulações políticas e eleitorais. Pablo Marçal, o aloprado candidato a prefeito de São Paulo, virou ameaça a Bolsonaro. O movimento do eleitorado na eleição paulista indica que a extrema direita segue em frente, mesmo sem Bolsonaro. Ou melhor, o ex-presidente mão é dono desse campo “ideológico”. O resultado dessa disputa tem potencial para estrago.

Como se tudo isso fosse pouco, a última alucinação no campo reacionário é a suposta pré-candidatura de Paulo Guedes, o ex-ministro da Economia sob Bolsonaro. Ele quer ser presidente do Brasil. A trama está em pleno andamento, segundo informa Lauro Jardim em O Globo. Não é mirabolante? Os entusiastas da ideia acham que existe um “vácuo no campo conservador”. Guedes acredita que tem tudo para ocupar essa faixa.

E finalmente do lado de Lula, ele próprio é o candidato definitivo, salvo algum imponderável do destino. E aqui o nome do ministro Renan Filho volta com tudo ao centro da mesa. É uma das opções para o posto de vice num eventual segundo mandato do atual presidente. Tudo isso, ressalto, está nos debates que correm pelos ambientes da política. Claro, ventos inesperados podem virar o quadro de cabeça para baixo.