No Jornal Nacional desta segunda-feira, uma reportagem tratou de pesquisa eleitoral como algo de relevância indispensável para todos nós. A chamada não deixa dúvida: “Faltam 48 dias para as eleições municipais. E mais uma vez o eleitor vai contar com um instrumento muito importante da democracia para se informar: as pesquisas eleitorais”. O tom de exaltação atropela qualquer réstia de sobriedade nesses casos.

E qual é o caso? Nenhuma conspiração política ou qualquer tentativa de sabotagem da democracia, como logo pensariam os mais engajados. A reportagem fez uma defesa enfática da importância das pesquisas para ajudar o eleitor a se informar sobre a “temperatura” das campanhas e das candidaturas. E, sem dizer com todas as letras (como deveria), informa que trocou de instituto depois de décadas.

Desde os primórdios, a Globo trabalhou com o Ibope durante o período de eleições. O acerto com o instituto incluía todas as afiliadas da rede, que também contratavam a mesma empresa para levantamentos de intenção de voto. O Ibope foi vendido para uma multinacional e largou as pesquisas eleitorais. Em 2021, antigos diretores fundaram o Ipec – e a Globo seguiu com essa turma até as eleições de 2022. A relação acabou.

Segundo a matéria do JN, no lugar do Ipec (antigo Ibope) entra o instituto Quaest. A empresa fará pesquisas para as afiliadas globais nas 26 capitais do país, de acordo com a reportagem. Falta apenas a TV Gazeta anunciar em quais datas divulgará as sondagens da Quaest sobre a corrida para a prefeitura de Maceió. Pelo histórico, são três rodadas no primeiro turno e mais duas num eventual segundo turno. Os custos são pesados.

Mas isso, reitero, ainda será confirmado pela afiliada. O certo é que a Quaest será a novidade em pesquisa eleitoral na disputa da capital alagoana. A marca está em alta no mercado de consultoria e coisas afins. O contrato com a Globo põe a empresa em patamar inédito na sopa de siglas que formam esse mercado de opinião.

Além da Quaest, a Globo vai divulgar pesquisas do Datafolha em quatro capitais: São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Recife. Ficou para trás o tempo em que a emissora noticiava com estardalhaço grandes erros dos institutos em eleições. O tom da reportagem do JN não deixa dúvida quanto à investida da rede na valorização das pesquisas.

Agora é esperar a divulgação dos primeiros números da Quaest em Maceió.