Nos últimos dias, os brasileiros foram contagiados pelo espírito esportivo, em razão dos jogos olímpicos de Paris. Este fenômeno acontece a cada quatro anos: atletas desconhecidos se tornam famosos, a população se apaixona por novos esportes e cidadãos comuns se tornam “especialistas” em Olimpíadas e em variadas modalidades.

No entanto, todo esse glamour olímpico, muitas vezes, esconde as dificuldades que cada atleta tem para se preparar e chegar ao pódio. Os atletas profissionais trilham um caminho de sacrifícios e renúncias para chegarem ao topo, e essa caminhada inicia muitas vezes em campeonatos amadores. Por isso, o CadaMinuto trouxe algumas iniciativas alagoanas para formação de atletas.

Algumas dessas iniciativas são promovidas pela Secretaria de Estado do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj), especialmente em relação ao esporte amador de base. 

Atualmente, o Governo do Estado, através da Selaj, promove alguns projetos para o esporte amador, de categorias de base. São eles: Taça das Grotas, que é um campeonato de futebol masculino até os 18 anos; a Copa Rainha Marta, campeonato de futebol feminino que abrange equipes da capital e do interior, a Copa do Interior, Jogos do Paradesporto e, também, o projeto Na Base do Esporte que é um iniciativa para crianças e jovens de 7 a 17 anos, e possui 50 unidades distribuídas em todo o estado com professores e material esportivo. 

Para auxiliar atletas para participar de campeonatos fora do estado, em competições nacionais e internacionais, os interessados podem solicitar hospedagem e passagens aéreas e terrestres através do programa Caminhos do Esporte, instituído em 2023. 

Segundo o secretário de Planejamento da Selaj, Wagno Godez, os projetos têm o objetivo de levar a prática do esporte para todas as regiões do Estado, principalmente as que não tinham iniciativas ou clubes disputando um campeonato. Além de promover o esporte como uma ferramenta de inclusão social, enfrentamento à violência e para formação do cidadão.

O Estado precisa contribuir para que o esporte aconteça. A gente trabalha em municípios que não têm clubes federados e que não participam do Campeonato Alagoano, para poderem ter uma competição e a partir daí movimentar o esporte em cada localidade. É um projeto de inclusão social, de enfrentamento à violência. É o esporte como ferramenta na formação de cidadão”, disse Wagno.

Cada uma dessas iniciativas tem um público-alvo diferente. A Taça das Grotas tem os jovens de até 18 anos das comunidades e grotas de Maceió, já a Copa Rainha Marta é uma competição inteiramente voltada para o futebol feminino. A Copa do Interior, como o nome já sugere, busca mobilizar justamente a população do interior de Alagoas para a prática esportiva.

Os resultados de todo o trabalho, investimento e de infraestrutura para essas modalidades vem rendendo frutos bastante positivos e significativos para o Estado de Alagoas, com jogadoras evoluindo e escalando voos mais altos na vida de atleta, e cada vez mais as competições oportunizam a participação de mais jovens.

“Temos atletas que passaram pela seleção brasileira de futebol feminino e iniciaram aqui na Copa Rainha Marta, como no caso da Geisy, jogadora de um clube europeu, e atletas que hoje estão contratadas em clubes grandes do país e também passaram pela Copa Rainha Marta. Algumas equipes do interior hoje são federadas na Federação Alagoana de Futebol (FAF), e conseguem dar continuidade à sua rotina de treino. Tudo isso é resultado do sucesso dessas ações, que não se limita só à questão da competição, mas também da formação e todo o apoio dado”, relatou o secretário.

Todos esses campeonatos vão além dos campos e do esporte, atingindo diretamente as famílias e as comunidades envolvidas, além dos participantes diretos, atletas e treinadores, amigos e admiradores que também participam como torcedores. 

O projeto que mobiliza a maior quantidade de pessoas é a Taça das Grotas, que neste ano reuniu 48 equipes e mais de 900 jogadores. Estas equipes são oriundas de comunidades e grotas de Maceió. A Taça das Grotas 2024 durou quatro meses, finalizando na última quarta-feira (14), com as finais das séries Ouro e Prata.

A equipe vencedora da Série Ouro, a Grota Ouro Preto, ganhou um prêmio de 12 mil reais. Já o vice-campeão da Série, a Comunidade Cruzeiro do Sul, recebeu um prêmio de 6 mil reais. Na Série Prata, a Grota do Arroz venceu a Grota Alto da Goiabeira e ficou com o prêmio de 6 mil reais, enquanto a vice ficou com 3 mil reais.

“Se não fossem esses meus irmãos, eu não estaria aqui. Isso é por todos nós que treinamos e batalhamos. Isso aqui não é só para mim, é para todos nós!”, disse o jogador Toninho, da equipe Grota Ouro Preto, ao receber o troféu de melhor jogador da partida. 

O treinador da equipe Ouro Preto, David Barros, falou um pouco sobre sua satisfação em comandar o time: “É um trabalho que a gente faz desde 2014. Tem menino desses que, em 2019, estava na torcida e hoje está aqui levantando o troféu de campeão. Outros meninos jogaram em anos anteriores e hoje estão na comissão técnica. Hoje, nós estamos formando cidadãos. Nossos meninos estão seguindo suas vidas, independente de ser jogador de futebol”, disse. 

Na série prata, o jogador da equipe Grota do Arroz, Erik, recebeu o troféu de artilheiro: “Quero agradecer a Deus, a todas as pessoas que nos ajudam durante os treinos e à nossa torcida que sempre nos apoia. É muito bom ver o resultado de treinos diários. Depois de tanto treino, ser campeão no Rei Pelé é muito bom.” disse o jogador. 




*Estagiários sob supervisão da editoria.