Pesquisa eleitoral e controvérsia andam juntas. A calmaria somente ocorre quando as eleições ainda estão distantes. Mesmo assim, embora em escala menor, críticas e desconfianças estão sempre nos arredores dos percentuais apresentados. Quando a campanha esquenta, o clima também se acirra em relação aos números divulgados pelos institutos. É o que vamos verificar a partir de agora, pós-convenções.
Um exemplo no calor da hora. Nesta quinta-feira, 8 de agosto, três pesquisas foram divulgadas sobre a corrida pela prefeitura de São Paulo. E, a depender da radiografia de cada uma, haveria um líder desgarrado do bloco anterior, dois aspirantes embolados e um mesmo nome na lanterna e com chances de brigar pelo topo. O fato de saírem no mesmo dia torna a coisa ainda mais confusa, com ampla margem para a desconfiança.
Parará Pesquisas, Datafolha e Atlas Intel mostram cenários com diferenças acima do razoável. Para o senso comum, não há explicação lógica para tamanha discrepância sobre as posições de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Luiz Datena, Pablo Marçal e Tabata Amaral. Num quadro, Boulos lidera com diferença de oito pontos sobre Nunes, atual prefeito. Em outros dois levantamentos, os dois nomes se alternam na liderança.
Os institutos também não se entendem quanto ao potencial de Datena e Tabata. A deputada federal aparece lá atrás, distante do pelotão dianteiro. Mas também estaria grudada no terceiro colocado, dentro da margem de erro, portanto com horizonte de competir para chegar lá. Tudo depende do instituto para o qual o eleitor vira sua atenção. Analistas especularam sobre metodologia para defender a densidade das pesquisas.
Erros gigantescos fazem parte da história de diversos institutos. Haverá sempre os candidatos a apontar desacertos deliberados para favorecer uns e prejudicar outros. A verdade é que não estamos diante de uma ciência exata. Os dados mudam de acordo com a forma de coleta da opinião – presencial na rua, telefone, domiciliar. As redes sociais e os aplicativos já entram nesse vespeiro que é aferir a intenção de voto.
Pesquisa agita as eleições, de um jeito ou de outro. Todo mundo consome. Os partidos tomam decisões a partir do que sai a cada temporada. E a imprensa vê nos gráficos e projeções fonte inesgotável de pautas. Sempre rende polêmica e, não poucas vezes, pode dar até ação na Justiça. Suspeitas de manipulação são igualmente ventiladas em todas as disputas. Como isso nunca vai acabar, ficamos à espera da próxima rodada.