Um líder comunitário anunciou que pretende recorrer à Justiça para anular a convenção do Solidariedade, partido que lançou o ex-vereador Lobão como candidato a prefeito de Maceió. O caso foi publicado pelo jornalista Ricardo Rodrigues na Tribuna Independente. Patrick Almeida é mais conhecido nas quebradas como PTK. Nas redes sociais, ele explica que levou uma “rasteira” da turma que comanda a legenda. 

PTK pretendia disputar uma cadeira de vereador na Câmara Municipal da capital alagoana. Ele resume sua revolta com estas palavras: “Como todo mundo já esperava, me deram uma rasteira e me deixaram de fora. Calaram a voz da comunidade. Sem motivo algum. Tudo arquitetado”. Ainda segundo sua versão, ele “estava incomodando alguns candidatos” devido a seu “crescimento nas pesquisas e no boca a boca”. 

Duas décadas atrás, mergulhei no ambiente das associações de bairro e suas lideranças comunitárias em Maceió. Em 2003, fui a campo produzir uma reportagem para O Jornal, onde exercia o cargo de editor de Política, sob o comando do grande jornalista Plínio Lins. Estive no Benedito Bentes, no Graciliano Ramos, no Jacintinho, na Ponta Grosa e no Vergel. Conversei com os líderes em suas residências e nas sedes das associações.

Vi de perto uma realidade que passa longe dos holofotes da imprensa. Esse distanciamento não combina com a forte presença da política partidária na rotina desse universo. Tudo gira em torno do jogo político – e envolve figuras com mandato, sobretudo vereadores, mas também deputados estaduais e gestores municipais. Fotos com políticos forravam as paredes nos locais em que entrevistei presidentes de associações.

Um dos personagens da minha reportagem foi Edivaldo Guilherme da Silva, o Baré Cola. Ele me recebeu em sua residência, no Conjunto Joaquim Leão. Logo na sala, me mostrou várias fotos, emolduradas, em que aparecia ao lado de parlamentares e ex-prefeitos. Ele dividia seu tempo como líder comunitário e assessor parlamentar. Baré Cola foi assassinado três anos depois de aparecer na primeira página de O Jornal.    

O caso teve forte repercussão, principalmente depois que a polícia apontou motivação política para o crime. É mais um desses episódios que se arrastam durante anos na Justiça. Autores materiais chegaram a ser indiciados, mas nunca se chegou a possíveis mandantes. Houve ainda homicídios que teriam sido queima de arquivo.

Estamos no período de maior tensão nas relações entre esse segmento e o poder político. Nas eleições para vereador e prefeito a briga por território fica mais acirrada. Às vezes descamba para a violência. Candidatos com aparato partidário disputam o “prestígio” daqueles que se apresentam como líderes das comunidades da cidade. Uma parada – às vezes perigosa – que agita o bloco dos bairros distantes.