A maior cidade do país terá uma eleição como nunca houve até hoje. Duas personalidades do mundo da comunicação podem ter papel decisivo na disputa, com chances reais de vitória. É o que aponta pesquisa Quaest divulgada nesta terça-feira 30 de julho sobre a corrida eleitoral pela prefeitura de São Paulo. O apresentador da Band José Luiz Datena aparece com 19% das intenções de voto. Está no páreo.

Ele marca o mesmo percentual de Guilherme Boulos, num empate total pela segunda colocação. O prefeito Ricardo Nunes lidera com 20% das preferências. Tecnicamente, portanto, temos um triplo empate no topo das intenções de voto. Para embolar ainda mais a parada, o coach e influencer Pablo Marçal crava 12%, com potencial para crescer, como vem sendo visto nos levantamentos feitos até agora por diferentes institutos.

Datena e Marçal são as novidades na disputa. Os dois podem se apresentar como figuras de fora da política. O coach tentou um mandato de deputado federal em 2022, mas teve o registro cassado pela Justiça Eleitoral. Já o apresentador se lançou candidato em mais de uma eleição paulistana, mas acabou desistindo no meio do caminho. É a primeira vez que ele chega nessa fase do calendário, confirmado em convenção partidária.

Em relação à pesquisa anterior da Quaest, os dois subiram dois pontos cada um. Nunes e Boulos também oscilaram dois pontos, mas para baixo. Datena tira votos de Boulos enquanto Marçal pesca eleitores de Nunes. É o que revela análise qualitativa dos dados. Nos primeiros meses do ano, parecia que a polarização Lula versus Bolsonaro seria afunilada por Boulos versus Nunes. Mas, como parece evidente, isso mudou.

Muita água ainda pode transbordar no Tietê, mas o cenário hoje indica uma tendência até pouco tempo não desenhada. E um fator inédito, reitero, é a força de dois personagens do mundo midiático, mas de perfis distintos. Datena é o homem da velha mídia – a televisão. O aloprado Marçal é a cara do ambiente digital, forjado nas redes sociais. Desafio inesperado para dois profissionais da velha política, Nunes e Boulos.

O centrão do MDB, a esquerda raiz do PSOL, um tucano de última hora e um nanico do PRTB. Esse quarteto deixa para trás Tabata Amaral, do PDT, e Kim Kataguiri, do União Brasil, rejeitado pelo próprio partido. A pesquisa Quaest põe a eleição de São Paulo em um novo panorama, pra lá de indefinido, a praticamente dois meses da hora do voto.